PS vota contra orçamento”eleitoralista”. CDU desiludida com investimento na Cultura

Foi, esta segunda-feira, aprovado o orçamento da Câmara Municipal de Braga para 2021, que ronda os 133 milhões de euros. São mais 13 milhões de euros face ao orçamento anterior.
A aprovação contou com os votos a favor da coligação Juntos por Braga e os votos contra dos três vereadores do PS e do vereador da CDU, na reunião de executivo desta manhã.
Artur Feio acusa a gestão de Ricardo Rio de apresentar um orçamento “eleitoralista”, naquele que é
o último do segundo mandato de Ricardo Rio à frente dos destinos do município de Braga.
S. Geraldo pronto em 2025 por seis milhões de euros
Para o vereador do PS, a maioria “pendura-se num empréstimo de 12 milhões de euros para poder alavancar um conjunto de investimentos”. Entre as críticas apontadas ao documento, os socialistas dizem haver “uma tentativa de mostrar uma grande agitação do ponto de vista do investimento, quando na prática se consubstancia em coisas bastante curtas”.
A gestão da maioria, dizem ainda os socialistas, assenta “no aumento considerável da dívida de médio/longo prazo, com acréscimo de 34% da dívida, curiosamente, num ano eleitoral, quando se diz que não se governa para as eleições”, atira Artur Feio.
No âmbito da Educação, o PS saúda o investimento “muito grande” no plano tecnológico, “na linha do que o PS tinha apresentado”. No entanto, os socialistas dizem não entender o motivo dos “investimentos no Media Arts Center” se “prolongar até 2025”, sendo que “em 2021 serão investidos 500 mil euros, em 2022 e 2023 um milhão, um ano depois, em 2024, um milhão e meio e ainda dois milhões em 2025”, sendo que, criticam, ainda nem se conhece o projecto e, recordam, 2025 será novamente ano de eleições autárquicas.
O mesmo acontece com a Ínsula das Carvalheiras, cuja obra está prevista terminar em 2024, ou o Convento de S. Francisco. Além destas, também os 252 mil euros que constam no plano para uma intervenção na Pousada de Juventude merecem a crítica do PS.
“Era muito bom que fosse concretizável, mas parece-nos mais uma vontade política do que na prática poder vir a acontecer”, finalizou Artur Feio.
CDU desiludida com investimento na Cultura em 2021
“Na Cultura, há aumento do investimento embora me pareça tênue face aos propósitos do município. Em 2021, esta área necessitaria de um investimento mais significativo, ainda que contrarie uma tendência de falta de investimento na Cultura, esperava-se que pudéssemos ir mais além”, afirmou o vereador da CDU, Carlos Almeida.
Para o comunista, este orçamento baseia-se em “investimentos que transitam de anos passados, o que revela um plano e orçamento de continuidade, de final de mandato, com projectos e obras que se arrastam e, em alguns casos, a sua concretização será num ano eleitoral”. “Isto configura uma estratégia política com a qual não concordamos e nos distanciamos”, finalizou.
Empréstimo de 12 milhões justifica aumento do valor global do orçamento para 2021
Entre as dúvidas apresentadas pelos partidos da oposição, uma delas prendia-se com a redução do valor das receitas com a derrama em cerca de um milhão de euros. Segundo o presidente da Câmara, “não é expectável que, perante a actual conjuntura, as verbas se possam manter”, uma vez que as verbas da derrama em 2021 resultarão da actividade em 2020, ano em que “muitas empresas tiveram a actividade interrompida”.
Ricardo Rio quis ainda esclarecer que, “neste momento, a estrutura de custos fixos do município não liberta recursos para investimento que não advenham de fundos comunitários ou contração de dívida”.
“Tendo em conta que tínhamos claramente margem para endividamento socorremo-nos a um primeiro empréstimo, de oito milhões de euros, em 2018, e um segundo, de 12 milhões, que deveria ter sido concretizado em 2020, mas só teve visto do Tribunal de Contas há umas semanas e, assim, o grosso das verbas disponíveis nesse empréstimo só se vão concretizar em 2021. Isso justifica que o valor global do orçamento cresça cerca de 13 milhões de euros”, explicou o autarca.
Plano de actividades para 2021 incorpora três ideias da CDU
Rio diz não estar preocupado com “o aumento da dívida a médio e longo prazo”. “Não somos defensores de uma lógica de saldo zero do endividamento, sendo este positivo desde que seja premente para concretizar determinado tipo de projectos”, acrescentou.
O presidente da Câmara criticou ainda a ausência de contributos dos vereadores do PS, acrescentando que o plano incorpora “três ideias partilhadas com o vereador do PCP: Interfaces periféricos para os TUB, Park and Ride, que facilitem a mobilidade nesses transportes, uma medida que vai avançar em 2021; na área da sustentabilidade, um plano de arborização para o meio urbano; e uma resposta mais estruturada para a população sem-abrigo, para estimular a autonomia desta população”.
“É um plano e um orçamento que correspondem a uma estratégia e compromisso para o mandato”, finalizou Ricardo Rio.
