PS mostra mail que justifica atraso a fornecedores por não vender Confiança

Os vereadores socialistas denunciaram, esta segunda-feira, um e-mail de um funcionário da Câmara Municipal de Braga onde o mesmo justifica o atraso do pagamento a um fornecedor por “motivos alheios ao município”.
O e-mail surge em resposta a uma exigência de um fornecedor de um pagamento por parte da Câmara. O atraso era superior a 150 dias. Segundo o e-mail datado de Outubro de 2019 a que o PS teve acesso, o funcionário em questão frisou que, “para o último trimestre de 2018”, o município tinha planeado encaixar uma verba significativa com a venda da antiga fábrica Confiança, algo que permitiria encurtar os prazos de pagamento aos fornecedores. Segundo o mesmo documento, “por motivos alheios ao município não foi possível avançar com tal operação”.
“É respondido aos fornecedores que não se paga na Câmara Municipal de Braga, porque não se vendeu a Confiança. Acho que é lamentável. Estamos a falar de uma receita extraordinária para pagar despesas correntes”, começou por apontar o vereador da oposição. Artur Feio acusa ainda o executivo de “desesperadamente precisar vender a Confiança para garantir liquidez de curto prazo e, sobretudo, por uma questão de tesouraria”.
A situação merece também a reprovação de Carlos Almeida. O vereador da CDU não acha “razoável que se dê essa justificação a um fornecedor”. “Há uma obsessão enorme com a venda da fábrica para permitir um encaixe financeiro para tirar a Câmara de uma situação complicada”, acrescentou o comunista.
“Fornecedores estão interessados em continuar a colaborar com a Câmara Municipal”
Na resposta, o presidente da autarquia confirma que estava previsto no orçamento “vender a Confiança e obter aquele encaixe”. “Quando chegamos ao final do ano e nos perguntam porque é que não estavam a ser feitos determinados pagamentos foi precisamente porque não houve o encaixe. É matemática pura”, acrescentou Ricardo Rio. O autarca, na resposta à oposição, reafirma que a venda da Confiança “não é nenhuma questão de emergência de tesouraria”, apontando, “do ponto de vista financeiro, duas vantagens: a Câmara faz um encaixe e não tem nenhuma despesa inerente ao processo de reabilitação”.
Rio garante ainda que “os prazos em vigor são, de acordo com a tesouraria, normais”. “No início do ano, com empréstimo de curto prazo vamos abater boa parte da dívida que transita do ano 2019, durante o ano, à medida que vamos encaixando as receitas, vamos regularizando a situação, chegamos ao final do ano sempre com uma situação mais estrangulada, porque também o fluxo de receitas assim determina. Isto é o ciclo normal de tesouraria de qualquer entidade pública”, afirmou.
O autarca nega ainda o desinteresse por parte dos fornecedores do município, garantindo que “os procedimentos concursais têm sido bastante participados, até com um número crescente de protagonistas”. “Os fornecedores estão interessados em continuar a colaborar com a Câmara Municipal”, finalizou Ricardo Rio.
