Profissionais do sector temem que taxa afaste turistas para outras cidades

A aplicação da taxa turística não gera consenso, em Braga. A parir de 1 de Março, até ao máximo de quatro noites, será cobrado 1,5€ por dormida no concelho. Esta sexta-feira, o Museu D. Diogo de Sousa acolheu a sessão de esclarecimento sobre a Plataforma que ajudará os profissionais de empreendimentos turísticos, alojamento local e outras entidades do sector a cobrar o valor aos turistas. O processo de faturação esteve entre as principais questões levantadas pelos participantes, que na sua maioria discordam da aplicação da taxa.

Fernando Almeida é proprietário de um alojamento local e considera que esta é “mais uma taxa que vai dar trabalho e prejudicar”, já que “há zonas que cobram e outras não” e, dessa forma, considera expectável que os turistas comecem a optar por outras cidades limítrofes, como Ponte de Lima.

A opinião é partilhada por Fátima Kane, que também possui um apartamento no centro da cidade. “Eu achava que estávamos a receber turistas porque como era uma cidade mais económica dormiam aqui e, depois, iam ao Porto”, explicou Fátima, que prevê um gasto médio de mais “50 euros por família por causa da taxa”.

“Há uma série de questões que não estou esclarecido como vai funcionar, por exemplo, com o fisco, porque vou receber uma percentagem do que vou cobrar (2,5%), que vou ter que por nos meus rendimentos e pagar impostos. É uma carga de burocracias”, afirmou Fernando Almeida.

Fátima afirma ainda que “a taxa é incluída na fatura e isso vai agravar o IRS” e que terá que “procurar um sistema diferente de faturação para não pagar IVA na taxa”, mas espera que a autarquia “faça um bom usufruto do que vai receber”. A este propósito, lembrou o vereador do Turismo, Altino Bessa, a implementação da taxa servirá para que “aqueles que visitam, pelo impacto que têm no territótio, contribuam”. “Terá como objectivo continuar a promover e a levar lá fora o nome de Braga, que, com essa estratégia, conseguiu, o ano passado, ser o 2.º Melhor Destino Europeu”, acrescentou.

Inês Silva, do Gold City Guest House, não está certa de que os turistas, na maioria galegos que passam o fim-de-semana em Braga, estejam disponíveis para “pagar 1,5€ por noite”. Por isso, considera a medida “prematura” e teme que possa “prejudicar” o negócio. Ainda assim, diz entender a sua aplicação, à semelhança do que acontece em outras cidades europeias. “Acho que devia ser tratado de outras forma entre nós e a Câmara. Vamos ter muito trabalho, alterar programas de faturação e não há lucro, só gastos”, apontou ainda.

Já José Santos, do Porta Nova Collection House, considera que a aplicação da taxa até poderia ser útil, mas não no imediato, numa altura em que “a cidade ainda está em fase de ascenção”. Por outro lado, Diana Coelho, do Feel at Home Free Private Parking, elogia a iniciativa e está certa de que “não vai retrair os turistas”.

“Há sempre opiniões divergentes mas cada um teve oportunidade de fazer chegar a sua opinião”

Alguns participantes reclamaram ainda não ter sido ouvidos antes da decisão da implementação da taxa turística. Na resposta, Altino Bessa explicou que “o tema foi levado ao Conselho Consultivo do Turismo, que conta com todas as entidades representativas do sector”. “Não quisemos que houvesse pessoas representadas individualmente. Houve um período de discussão pública”, disse ainda vereador. “Não fomos convocados”, responderam os participantes. O autarca lembrou que foi publicado no site do município e na comunicação social. Altino Bessa lembrou ainda que “há sempre opiniões divergentes, mas cada um teve oportunidade de fazer chegar a sua opinião”.

Recorde-se que a taxa turística será aplicada em Braga entre Março e Outubro, com isenção para jovens até aos 16 anos e até ao máximo de quatro noites, “ao contrário do que acontece noutros municípios que a aplicam até sete noites e a maiores de 13 anos”, lembrou Bessa. “Para quem não estiver a aplicar haverá sanções”, alertou ainda o vereador.

Pode consultar o regulamento aqui.