Professores “mais unidos que nunca” pela defesa da escola pública e direito à greve

“Pela primeira vez, docentes e não docentes estão unidos em massa na luta pela escola pública, melhores condições de trabalho e defesa ao direito da greve”, começa por afirmar aos jornalistas o coordenador do STOP – Sindicato de Todos os Profissionais da Educação, André Pestana, que vai acompanhar esta quarta-feira as concentrações agendadas para o distrito de Braga.

Esta manhã, a concentração saiu do Largo da Senhora a Branca até ao centro da cidade dos arcebispos. Pelas 17h30, está prevista nova concentração, desta vez em frente à Escola Básica 2/3 João de Meira, em Guimarães, seguida de uma marcha pela cidade berço. No total, são esperados cerca de 800 profissionais de educação.

Recorde-se que o STOP convocou nova greve para os dias 1, 2 e 3 de fevereiro, sendo que no sábado, 28 de janeiro, está prevista uma manifestação em frente ao Ministério da Educação, em Lisboa, que seguirá até ao Palácio de Belém.

Esta quarta-feira, o sindicato emitiu um comunicado no qual justifica a decisão de recusar prestar serviços mínimos, proposta do Governo, pois, no entender do STOP, esta proposta é um “novo ataque ao direito à greve” e “uma ameaça à democracia”.

“O Governo tem de reconhecer que os profissionais de educação já cederam em tudo durante as últimas décadas. Não vamos conseguir tudo de uma vez, mas há questões centrais como a qualidade da escola pública”, sublinha André Pestana.

O sindicalista realça que cada vez mais os docentes estão “desmotivados”. Além disso, a viabilidade económica da profissão tem contribuído para a falta de professores na Grande Lisboa, Setúbal e Algarve. “Isto porque o salário foi comido pela inflação”, alerta.

Também a Federação Nacional da Educação (FNE) anunciou hoje que vai convocar uma greve nacional para o dia 8 de fevereiro e juntar-se, a partir de quarta-feira, às greves por distritos inicialmente convocadas por uma plataforma de oito organizações sindicais.

Mais de 50 quilómetros num dia para dar aulas e o excesso de burocracia marcam protesto em Braga.

“Respeito”, “dignidade” e “basta” foram algumas das palavras de ordem entoadas pelos professores e trabalhadores não docentes, esta manhã, durante a marcha até ao centro da cidade dos arcebispos.

Carlos Fragoso, professor há quase 40 anos, defende que a escola pública tem de levar um “abanão”, pois está a perder qualidade. O docente no Agrupamento de Escolas de Real defende que o Governo está, com as suas políticas, a tornar a escola pública num “gueto”. “Quem tem poder de compra coloca os filhos em colégios que em Braga surgem como se fossem cogumelos”, revela.

Além das dificuldades inerentes à carreira, o docente diz-se preocupado com o aumento de burocracia que “não serve rigorosamente para nada”.

Já Juliana Freitas, professora de história há três anos, partilha o seu dia-a-dia. Para completar o horário faz cerca de 50 quilómetros entre Guimarães e Celorico de Basto, sendo que habita em Fafe. Uma rotina que considera desgastante a nível psicológico.

Ema Ribeiro, professora há 24 anos, denuncia a falta de material nas escolas. Por várias vezes, os docentes acabam por adquirir esses materiais devido à enorme burocracia a que a tutela obrigada para tal operação. Contudo, o que mais preocupa a docente é a falta de trabalhadores não docentes como psicólogos e professores de educação especial. “Com uma turma de mais de 20 alunos nós, sozinhos, não conseguimos chegar a todos”, afirma.

Partilhe esta notícia
Vanessa Batista
Vanessa Batista

Jornalista na RUM

Deixa-nos uma mensagem

Deixa-nos uma mensagem
Prova que és humano e escreve RUM no campo acima para enviar.
Music Hal
NO AR Music Hal A seguir: Abel Duarte às 08:00
00:00 / 00:00
aaum aaumtv