Professores em greve até sexta-feira por falta de condições para ensino à distância

Mais de um milhão de alunos voltam às aulas à distância, depois de duas semanas de interrupção letiva.
No entanto, o regresso a este tipo de ensino coincide com uma greve nacional, promovida pelo Sindicato de Todos os Professores (S.TO.P), para exigir condições para alunos e professores voltarem a ter aulas pela internet.
Este Sindicato acusa o Governo de António Costa de “irresponsabilidade” na preparação do ensino online, depois de quase 12 meses.
“Os professores apresentaram três planos para o ensino – planeamentos para o ensino presencial, ensino misto e ensino à distância -, mas o Ministério da Educação não fez o seu trabalho, para que todos os alunos e professores tivessem um computador e acesso à internet”, disse à RUM, o coordenador do S.TO.P, André Pestana.
O sindicalista lamenta ainda que o Governo não tenha cumprido com a promessa que fez em Abril de que “este ano letivo todos teriam um computador”.
“Diz-se que as escolas desempenham um papel essencial, mas os profissionais da educação não estão nos setores prioritários de vacinação. Quando interessa ao Governo, somos considerados essenciais, mas depois não garante a vacinação nem EPI (equipamentos de proteção individual) adequados como máscaras, separadores”, acrescentou.
O coordenador do sindicato também alertou para “a situação muito delicada dos professores com filhos menores”, descrevendo o cenário de um pai ou mãe ou ambos professores que estão em casa a dar aulas, mas têm os seus filhos a assistir a aulas ao mesmo tempo. Por isso mesmo, realçou, “esta greve, além de pressionar o Governo a melhorar as condições, permitirá que os profissionais de educação que sintam a sua saúde e vida em risco a possam salvaguardar”.
“Mais de metade das escolas tiveram focos de contágio”, diz S.TO.P
Já este domingo, em declarações à Lusa, André Pestana acusou o executivo socialista de António Costa de ter “escondido deliberadamente que mais de metade das escolas tiveram focos de contágio” desde o início do ano letivo, altura em que “o STOP aconselhou uma redução do número de alunos por turma, colocação de separadores acrílicos entre alunos e entre alunos e professores e testes de diagnóstico regulares”.
Somando ao rol de reivindicações a “necessidade de mais professores e mais assistentes operacionais” nas escolas, Pestana sintetizou os motivos da greve de uma semana: “Para além de pressionar o Governo a atuar, a greve é para que se algum profissional sentir que está a por em causa a sua saúde e a dos seus familiares poder exercer o direito à greve”, disse.
