“Posso dizer que ser candidato à CMB é um caminho quase lógico”

Ricardo Silva, candidato independente do movimento Amar e Servir Braga à Câmara Municipal, nas eleições autárquicas de 12 de outubro, admite que há quatro anos, quando se candidatou como independente à junta de freguesia de S. Victor “não tinha a mínima preocupação” com o que poderia acontecer em 2025. Ainda assim, assume que “é um caminho quase lógico” depois de doze anos à frente da maior freguesia do concelho.
Na primeira grande entrevista à RUM na qualidade de candidato, Ricardo Silva, de 44 anos, assume as motivações para se lançar nesta corrida eleitoral, faz a sua leitura sobre o que deve ser uma gestão municipal, admite que candidaturas independentes são mais difíceis e exigentes seja na promoção e visibilidade pública, seja no trabalho de terreno que é preciso desenvolver. Revela que contrariamente ao que idealizou não vai conseguir apresentar candidaturas em todas as juntas de freguesia e explica o modelo que pretende implementar se for eleito.
“Quem está doze anos com esta responsabilidade [presidente da Junta de Freguesia de S. Victor], capitaliza experiência, capitaliza saber, e tem também uma obrigação de se colocar ao serviço e dizer «estou aqui para servir a minha cidade e o meu concelho», portanto, quanto muito, é um caminho lógico”, começa por afirmar.
“O nosso foco é humanizar a política. Se formos eleitos, com toda a certeza estaremos à altura desse desafio”
No entendimento do candidato independente, que já foi apoiado pela coligação Juntos por Braga [ainda que nunca tenha assumido a militância de nenhum partido], “a política faz-se pela ação das pessoas e não tem que ser feita pelos partidos”. Por isso, encabeça um movimento “com pessoas que amam a sua cidade e que a querem servir ganhando a confiança dos cidadãos”.
“Somos pessoas livres, plenas dos seus direitos e deveres e podemos contribuir para uma melhor democracia e uma melhor construção de cidadania. Se nos apresentarmos em serviço e deixarmos de ser treinadores de bancada e estarmos sempre a queixar-nos e podermos dizer que queremos ajudar a construir Braga e apresentar um projeto político assente numa missão independente, o nosso foco é humanizar a política. Se formos eleitos, com toda a certeza estaremos à altura desse desafio”, resume.
Sobre alegados “boatos” de negociações prévias com partidos políticos, nomeadamente o PS e o Chega, Ricardo Silva lamenta que os próprios políticos criem um clima de confronto e de denegrir os outros candidatos, mencionando as declarações do próprio candidato da coligação Juntos por Braga, João Rodrigues, na RUM que alegou que a candidatura do movimento independente surgiu porque nenhum partido quis apoiar Ricardo Silva. “Houve conversações com vários partidos”, confirma, ainda que se recuse a alimentar comentários de redes sociais com cenários hipotéticos que possam ter sido colocados em cima da mesa. “Sentarmo-nos à mesa para falar é maturidade democrática (…) o movimento independente foi fundado e quando os líderes partidários me abordaram, os partidos não perceberam que Ricardo Silva não é a única pessoa do movimento. Não podiam unipessoalizar convites, nunca se justificaria isso”, atira ainda.
Amar e Servir Braga não terá candidatos em todas as freguesias
Até agora o movimento independente Amar e Servir Braga não apresentou outro rosto, seja para o executivo, para a assembleia municipal ou para as freguesias, mas Ricardo Silva garante que os candidatos estão praticamente todos escolhidos, remetendo as respetivas apresentações para setembro, mês anterior às eleições autárquicas.
Nesta grande entrevista, Ricardo Silva assume que ao contrário do que pretendia, o movimento Amar e Servir Braga não apresentará candidatos a todas as freguesias, acrescentando que nos contactos realizados foi possível atestar que cada vez mais pessoas resistem a entrar na vida política por força da excessiva responsabilidade, da falta de reconhecimento e ataque sistemático, nomeadamente em redes sociais.
Recorde-se que já surgiram nove candidaturas à Câmara Municipal de Braga e o cenário pode colocar mais uma em cima da mesa, uma vez que o PAN ainda não apresentou candidato. A cidade conhece na sua história democrática apenas dois presidentes, o primeiro do Parrtido Socialista e o segundo da coligação Juntos por Braga, atualmente no poder.
O número de candidaturas e o risco de dispersão de votos é grande e há que pensar em diferentes cenários. Ainda que assuma convictamente que reúne condições para ser eleito presidente de câmara, fala também de outros cenários, todos com minorias.
Admite que se vencer com minoria, a regra de diálogo deve estabelecer um critério. “Se nós formos o mais votado, obviamente que teremos a responsabilidade de ler os resultados e convidar quem se seguir a nós, porque é esse o sinal que o eleitorado nos deu. Se não formos nós os vencedores, estaremos sempre disponíveis para dialogar. Com esta filosofia nós não estamos à procura do pouso, não estamos à procura da vaidade, não estamos à procura da gamela nem do tacho, nós estamos à procura de trabalhar de forma responsável para o concelho de Braga. E esta é a nossa missão. E nós partilharemos essa missão com quem se identificar com esta vontade de trabalhar para o concelho. O que eu acho natural é que a 1ª [força] fala com a 2ª, e se a 2ª negar, a 1ª fala com a 3ª”, esclarece.
Número de assinaturas necessárias foi duplicado. Menor disponibilidade financeira face aos partidos exige estratégias diferentes
O candidato independente reconhece que a aventura autárquica, sendo independente, exige ainda mais do movimento, e que esse trabalho no terreno é de auscultação com estratégias para identificar problemas e fragilidades e elaborar soluções.
“Não temos a disponibilidade financeira que um partido pode alocar a uma campanha eleitoral e portanto a partir do momento em que nós também acreditamos que o dinheiro faz falta, mas não é o garante de uma eleição que seja ganhadora obriga-nos obviamente a ser suficientemente estratégas e a reinventar a nossa forma de estar perto das pessoas. Temos vindo a dividir-nos em várias reuniões, porque estamos num período de auscultação. Nós para conseguir firmar um compromisso com as pessoas temos que conhecer os reais problemas que hoje afetam e contendem a sua vida”, esclarece.
A entrevista completa ao Campus Verbal pode ser escutada em podcast
