Portugal entrou na fase de mitigação. O que muda?

Os primeiros minutos desta quinta-feira ficaram marcados pela entrada numa nova fase de combate contra a Covid-19, a fase de Mitigação. O anúncio partiu da Directora-Geral da Saúde, Graça Freitas, esta quarta-feira durante a habitual conferência de imprensa de actualização dos dados relativos à pandemia do novo coronavírus. Portugal está agora no nível três de alerta, vermelho, o mais elevado.
Mas o que acontece em termos práticos?
À meia-noite a DGS implementou um novo plano para abordar o surto de SARS-COV-2, ou seja, vamos passar de medidas da fase de contenção para medidas da fase de mitigação. Graça Freitas realçou, no entanto que esta transição “pode ter alguma turbulência”, sendo que o modelo assistencial irá sofrer alterações.
Para começar a prestação de cuidados deixa de estar centralizada nos hospitais, passando assim a ser mais alargada. Cerca de 80% dos infectados passam a ser acompanhados em casa. Neste ponto da situação entram para a linha de combate os centros de saúde e hospitais privados.
Todos os agrupamentos de centros de saúde do país vão criar uma área dedicada à avaliação de casos suspeitos e doentes de Covid-19. No que toca às unidades de saúde privadas estas passam a receber doentes e a apoiar o Serviço Nacional de Saúde com mais de 450 camas nos cuidados intensivos e 250 ventiladores. De realçar que o critério utilizado será a proximidade geográfica.
Contudo, existem excepções, são elas o IPO de Lisboa, Porto e de Coimbra. Estes institutos não vão receber nenhuma pessoa suspeita de infecção, de modo a proteger os seus doentes imunodeprimidos.
Recorde-se que antes de tudo deve recorrer à linha SNS 24: 808 24 24 24. Não se desloque a nenhum centro de saúde ou hospital sem uma recomendação médica, pode estar a contribuir para aglomerados de pessoas o que vai aumentar a probabilidade de propagação do vírus.
Quem deve ser testado para a Covid-19.
A Direcção-Geral da Saúde definiu que em primeiro lugar devem ser submetidos a testes os doentes com critérios de internamento hospitalar, os recém-nascidos, grávidas e os profissionais de saúde com sintomas. Seguem-se os doentes com comorbidades são eles: os asmáticos, insuficientes cardíacos, diabéticos, doentes hepáticos ou renais crónicos, pessoas com doença pulmonar obstrutiva crónica, doentes com cancro, pessoas com imunidade mais frágil e/ou em situação de maior vulnerabilidade. Por último, testam-se as pessoas em contacto próximo com estes doentes.
Quais as fases anteriores à mitigação.
O Plano Nacional de Preparação e Resposta à Doença contempla três níveis e seis subníveis de respostas de acordo com a avaliação de risco de Covid-19 e o seu impacto no país. Primeiro Portugal passou pela fase de Contenção, em que o risco de Covid-19 era baixo. Nesta fase é possível identificar o epicentro fora do país, porém existe a possibilidade de transmissão internacional.
Segue-se a Contenção alargada, o nível dois de alerta. Durante este período conseguem-se identificar as cadeias secundárias de transmissão na Europa e casos importados em Portugal, sem cadeias secundárias. Deste modo, o risco é elevado a moderado sendo necessário o reforço da resposta e medidas de contenção por parte das autoridades.
Chegamos então ao nível três que corresponde à fase de Mitigação. Neste caso já existem casos de Covid-19 em terras lusas, estes dividem-se em dois subníveis: “cadeias de transmissão em ambiente fechado” e “cadeias de transmissão em ambientes abertos”.
Actualmente as cadeias de transmissão do novo coronavírus já se encontram estabelecidas em Portugal o que origina uma situação de epidemia/pandemia activa. Neste momento as medidas de contenção não são suficientes, logo é essencial encontrar uma resposta eficaz para diminuir a propagação e, ao mesmo tempo, minimizar a taxa de mortalidade.
