Portugal entra à meia-noite na fase de mitigação

Portugal entra à meia-noite de hoje na fase de mitigação, “a mais crítica”. “Temos transmissão comunitária, por isso, haverá um novo plano, com medidas de mitigação e não de contenção”, adiantou a diretora-geral da saúde na conferência de imprensa desta quarta-feira.
“A fase de transição, da fase de contenção para a de mitigação, pode sofrer alguma turbulência”, admitiu Graça Freitas.
Na fase de mitigação já está disseminada a transmissão comunitária do novo coronavírus e já não é possível descobrir a origem das cadeias de transmissão, ou seja, já há casos com origem no território nacional.
O que muda nesta nova fase?
Segundo a directora-geral, “80% dos doentes vai ter sintomatologia ligeira, sendo acompanhado no domicílio pelos médicos e enfermeiros”. No caso dos “doentes com sintomas mais graves irão aos centros de saúde, que terão já as áreas indicadas para doentes COVID-19, denominada ADC (Área Dedicada a COVID)”. “Os doentes mais graves, através da linha SNS 24, serão encaminhados para uma urgência hospitalar, para serem vistos por um médico que decide sobre o internamento”.
“Vamos alargar a oferta de testes a lares e não só”
Os lares passam a poder recorrer aos laboratórios mais próximos, sejam públicos ou privados, devido à entrada em fase de mitigação. “Vamos alargar a oferta de testes a lares e não só”, afirmou Graça Freitas.
A directora-geral da saúde explicou que num esforço conjunto com as forças locais devem ser separados casos positivos de negativos nos lares. Quando não for possível fazê-lo, serão tomadas, localmente, outras medidas.
Graça Freitas garantiu ainda que quem tem sintomatologia é testado e, por isso, sabe-se se os idosos que morrerem padeceram de Covid-19.
A directora-geral explicou também que “cada lar pertence a uma área de agrupamentos de centros de saúde, que tem uma autoridade de saúde que se articula com a autarquia, ou seja, delegado de saúde e presidente da Câmara terão que encontrar uma solução comunitária para cumprir a regra da separação das pessoas”. “Não queremos isolar um lar e torná-lo num gueto”, acrescentou.
“É impossível mentir numa situação destas e não há qualquer vantagem nem forma de esconder dados”
“Os dados divulgados pela DGS reportam à meia-noite e, mediante a notificaçao dos médicos, é natural que quando são apresentados a realidade possa ter mudado e que quem está no terreno possa ter uma percepção diferente do boletim da DGS”, informou o secretário de Estado da Saúde.
“O número de mortes é inquestionável. Todos as mortes reportadas entram num formulário electrónico, à meia-noite. Há dados por concelho e esse campo que está no formulário pode não vir preenchido e só conseguimos colher informação dos que chegam preenchidos. Estamos a melhorar e a trabalhar a nível local, através de outras metodologias, para conseguir melhorar essa informação”, esclareceu Graça Freitas.
Não há “qualquer vantagem nem forma de esconder dados”, devido ao “escrutínio” que é feito a estas informações. “É impossível mentir numa situação destas. Não há nenhum intuito de ser menos transparente”, assegurou ainda.
Segundo António Sales, está a ser feito um esforço para que os dados dos boletins sejam melhorados, mas “pode haver pequenos desencontros horários na totalidade da cobertura”.
80 mil testes devem chegar até Domingo
Há uma encomenda de 80 mil testes que ainda não chegou, mas que deverá chegar até Domingo, diz António Sales. A capacidade diária é já de seis mil testes diários no SNS, complemetando com a capacidade dos convencionados de mais 2600 testes, ou seja, uma cpacidade diária de 8600 testes. Existe reserva de capacidade para os próximos dias de 17 mil testes no SNS e 7 mil nos convencionados.
António Sales diz que há 500 ventiladores encomendados e que há ainda “disponibilidades privadas” a ser avaliadas.
