Portugal é atualmente onde um treinador fica, em média, menos tempo

Quanto menos pontos obtidos e maior o orçamento do clube, mais provável é a saída do treinador. Esta é uma das conclusões de um estudo da Universidade do Minho.

Paulo Reis Mourão e Paulo Araújo analisou 598 treinadores e 1074 casos de despedimento no cargo, entre as épocas de 2009/10 e 2019/20, nas ligas profissionais de Alemanha, Espanha, França, Inglaterra, Itália e Portugal.

O estudo foi publicado na revista “Applied Economics”.

Das seis ligas profissionais analisadas, Portugal é atualmente onde um treinador fica, em média, menos tempo: nove meses e oito dias.

Seguem-se França (dez meses), Itália (onze meses), Alemanha, Inglaterra e Espanha (mais de dois anos). No arranque da época 2024/25 houve já trocas de treinador em 43% das equipas daquelas ligas: em 14 das 20 equipas do Calcio, em 7 das 18 da Ligue 1, em 6 das 18 da Bundesliga, em 5 das 20 da Premier League e da La Liga e em 12 das 18 equipas da I Liga (Arouca, AVS, Benfica, Boavista, Casa Pia, Estoril, FC Porto, Gil Vicente, Moreirense, Nacional, SC Braga, Vitória SC).

Em entrevista à RUM, o docente da Escola de Economia e Gestão explica que “mais do que a quebra de confiança resultado dos maus resultados”, na base de um despedimento pode estar “a relação entre o número de pontos que a equipa alcança e o orçamento que a equipa comporta para o clube”. Além disso, interfere ainda “o perfil financeiro do clube, a competitividade de equipas vizinhas, as caraterísticas individuais do treinador ou a ‘paciência’ de dirigentes e adeptos, que esperam resultados a curto prazo”.

“O 7º lugar do Benfica à 4ª jornada não é o mesmo que um 7º lugar do Moreirense, pois em cada clube o custo médio (orçamento dividido pelos pontos obtidos) e o custo por golo são bem diferentes – e isso levou à saída do técnico Roger Schmidt”, ilustra Paulo Reis Mourão. Na ótica dos investigadores, “se o treinador está a fazer um campeonato interno desastrado, isso pode eventualmente ser ofuscado por haver equipas rivais também com más performances ou por o clube até estar com resultados notáveis em provas europeias”.

O maior risco da saída precoce do treinador ocorre nas primeiras 14 jornadas e, na liga inglesa, também nas jornadas finais, enquanto nas ligas espanhola e italiana esses riscos são mais distribuídos. Por regra, o cenário de despedimento dispara quando se acumulam derrotas nos cinco a dez jogos mais recentes ou caso o coach possa ser transferido para um clube de divisão superior ou com mais orçamento. Já estar a disputar várias provas paralelas reduz em 15% a sua hipótese de demissão.

O estudo não deu como provado que fatores como o histórico, a idade e a nacionalidade do treinador influenciem em geral a sua sobrevivência profissional, embora haja particularidades em cada país. Por exemplo, em Portugal tende a haver mais dispensas de treinadores com direções de clubes que estão em início do mandato. E há treinadores carismáticos como José Mourinho que “resistem” a um mau começo de época.

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Liliana Oliveira
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