Pico da pandemia no Hospital de Braga obrigou a uniformizar alimentação

O pico da pandemia da Covid-19 obrigou o Hospital de Braga a uniformizar o tipo de refeições dado aos doentes internados, revelou ontem à RUM a diretora do serviço de nutrição, Mafalda Noronha.
“Não conseguíamos chegar a todos e tivemos de estabelecer linhas orientadoras para todos os doentes”, referiu a especialista durante o programa ‘A Saúde tem Voz‘.
Mafalda Noronha lembrou que o vírus SARS-CoV-2 deixa o paciente “com dificuldades respiratórias, sem paladar”, que “comprometem a ingestão de alimentos”, impedindo a “deglutição”.
“Tivemos de adaptar texturas para tentar chegar ao máximo de doentes possível”, disse, vincando que as dificuldades de ingestão dos pacientes obrigaram o serviço de nutrição a recorrer “à suplementação calórica-proteica”.
“São suplementos de 200 ml comercializados em doses individuais, nutricionalmente completos, que substituem totalmente uma refeição”, explicou, revelando que “era prática diária” a utilização destes suplementos nas refeições dos doentes.
A responsável recordou ainda um caso de um paciente, que chegou ao hospital em fevereiro passado, durante o pico da pandemia, e que, no espaço de “um mês e meio”, perdeu “mais de dez quilos”.
“Já teve alta hospitalar mas perdeu totalmente a sua autonomia [física]. São doentes que ainda têm de ser acompanhados muito de perto, de forma a otimizarmos o seu estado nutricional”, enalteceu, alertando que a pandemia “ainda não acabou”.
Mafalda Noronha é diretora do serviço de nutrição do Hospital, implementado em 2021 e que sucedeu à unidade de nutrição. Anualmente, o serviço, constituído por sete elementos, faz mais mais de 3 mil consultas e acompanha a nutrição de mais de 1800 pacientes internados.
O serviço de nutrição trabalha em complemento com os serviços de endocrinologia – que trata doentes com diabetes ou obesidade -, cirurgia bariátrica, pediatria, gastroenterologia e oncologia.
