Pessoas que continuam a trabalhar têm melhores indicadores de saúde mental

As pessoas que praticam exercício físico, que consomem pouca informação e que se mantêm a trabalhar são menos propensas a revelar ansiedade e depressão. Estas foram algumas das conclusões tiradas por um grupo de investigadores da Universidade do Minho.
Psiquiatras, psicólogos e neuro-cientistas analisaram 1.280 portugueses entre 23 e 30 de Março, num estudo que avalia o modo como as pessoas estão a lidar com as medidas de confinamento. Pedro Morgado, um dos responsáveis pela investigação, explica que foram identificados “alguns factores que são protectores da saúde mental”, como a prática regular de exercício físico, a existência de um jardim na habitação e o consumo de pouca informação. “As pessoas que consomem menos de uma hora de informação sobre o vírus têm melhores indicadores”, acrescenta.
Os cidadãos que continuam a trabalhar, seja presencialmente ou à distância, e que não tiveram de interromper as suas actividades também apresentam resultados mais animadores. Nesta primeira fase do estudo houve um dado “um bocado contraditório em relação à literatura que existe”. O investigador da Escola de Medicina refere que foi encontrada “uma associação entre a idade e os indicadores de saúde mental, em que os mais velhos têm melhores indicadores”.
Ainda assim, Pedro Morgado alerta que é “um dado que deve ser lido com algum cuidado” e destaca que continuará “a ser analisado nas próximas semanas de acordo com as respostas subsequentes”. “Este estudo é feito através de um conjunto de pessoas que não é representativo da população nacional. As pessoas foram convidadas a participar através das redes sociais e isso pode ser um factor de viés neste caso”, explica, enfatizando que há uma franja considerável da população idosa que não tem contacto com o mundo digital.
Conclusões definitivas do estudo conhecidas no final do estado de emergência
Nesta primeira fase do estudo foram analisados 1.280 casos. Entretanto, nas semanas seguintes esse número cresceu, com a chegada a cerca de 2 mil participantes voluntários. Pedro Morgado adianta que “as pessoas vão respondendo a uma série de inquéritos semanalmente enquanto dura o estado de emergência”. “Vamos segui-las ao longo das várias semanas para tentar perceber não só como cada um está em cada momento, mas sobretudo como as coisas evoluem ao longo do tempo”, refere.
O estudo que vai permitir traçar o retrato da saúde mental de cada participante tem em conta variáveis como níveis de stress, ansiedade, sintomas de depressão, sintomas obsessivo-compulsivos, caraterísticas de personalidade, problemas de sono e qualidade de vida.
