Perfil dos doentes em cuidados intensivos muda. Há menos idosos e mais jovens

O perfil dos doentes em estado crítico internados em unidades de cuidados intensivos (UCI) está a mudar, escreve esta quarta-feira o jornal Público. Aumentaram os internamentos de doentes mais jovens e há menos pacientes em idades mais avançadas em tratamento nestas unidades de elevada complexidade e sofisticação. Os doentes com 80 ou mais anos representam agora apenas 2,3% do total. É um fenómeno que precisa de ser estudado, defendem os especialistas ouvidos pelo PÚBLICO, que acreditam que haverá vários factores que podem estar na base desta alteração de perfil.


Os dados da Direcção-Geral da Saúde (DGS) são inequívocos: se, em 30 de Novembro passado, a percentagem de doentes em UCI com 80 ou mais anos ascendia a 8,3%, no passado domingo, 31 de Janeiro, essa proporção era de 2,3%, apesar de, considerando todos os internamentos em enfermaria, os mais idosos representarem o grupo mais volumoso.

Em sentido contrário, a percentagem de pacientes em idades mais jovens está a aumentar em todas as faixas etárias, a partir dos 30 até aos 79 anos. Entre os 30 e os 39 anos estavam internados em cuidados intensivos, no passado domingo, 24 doentes, ou seja, 2,77% do total; entre os 40 e os 49, eram 79 (9,1%); cerca de um quinto, eram pessoas entre os 50 e os 59 anos, um terço eram doentes entre os 60 e os 69 anos, e 27,6%, entre os 70 e os 79 anos. São percentagens superiores às que se observavam em 30 de Novembro passado para todas estas faixas etárias.

Pressão nas UCI

Sem conhecer os dados da DGS, o presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, João Gouveia, sublinha apenas que, globalmente, os doentes que nos últimos tempos estão a chegar às UCI “são mais novos e mais graves”.

Frisando que a idade, por si só, não é critério, o médico intensivista Gustavo Carona nota que as pessoas em idades mais avançadas “dificilmente têm potencial de reversibilidade” e admite que, à medida que a pressão nos cuidados intensivos aumenta, o crivo passa a ser maior.

Sem querer pronunciar-se sobre estes dados da DGS, o presidente do Conselho Nacional de Ética e Deontologia da Ordem dos Médicos, Manuel Mendes da Silva, também destaca que a idade por si só não é um critério, apesar de poder ser levada em consideração na avaliação que é feita em conjunto com outros factores.

Em Novembro, este conselho da Ordem dos Médicos emitiu um parecer em que recomenda que, num cenário de catástrofe, os cuidados intensivos devem ser reservados para os doentes que têm “maior probabilidade de sobrevivência” e com qualidade de vida após o tratamento. 

Público

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