Pedro Sousa quer que PS deixe de fazer oposição “à quinzena”

Pedro Sousa decidiu apresentar-se à liderança do Partido Socialista de Braga para trazer “uma nova energia” e “uma nova dinâmica” ao partido, “depois do apelo de muitos militantes, autarcas e ex-autarcas de freguesia”.

Afirma que o PS precisa de fazer “mais e melhor” para sair vencedor nas eleições autárquicas de 2025 e já deveria ter começado a trabalhar nesse sentido.

Ainda que o PS tenha angariado mais votos do que há quatro anos, o trabalho de oposição não convence o candidato ao lugar ocupado atualmente por Artur Feio. O advogado de 39 anos diz que neste momento o PS “faz oposição à quinzena”, aquando as reuniões de executivo. Além disso, “não tem sabido falar para fora ou relacionar-se” com a comunidade e com as instituições e setores mais dinâmicos do concelho.


Com o slogan “O PS está aqui. Em Braga, por Braga, para Braga”, e perante dezenas de socialistas, Pedro Sousa apresentou oficialmente a sua candidatura ao final da tarde desta sexta-feira, no Museu D. Diogo de Sousa. Antes disso, e em entrevista à RUM, admitiu que um dos principais propósitos da sua candidatura passa por fazer regressar ao PS Braga a autonomia que sempre teve em mais de trinta anos na capital minhota. Pedro Sousa, recorde-se, abandonou o secretariado do partido há dez meses por discordar da estratégia seguida e por entender que a comissão política concelhia perdeu peso perante Lisboa.


O antigo deputado municipal afirma que é preciso trabalhar mais em equipa e ir para o terreno fazer um verdadeiro levantamento das necessidades das populações. “É preciso estar em permanente contacto com as entidades locais, com as freguesias e com as empresas municipais, pois só assim será possível apresentar um PS organizado”, nota. É também por isso que propõe “uma espécie de câmara espelho” que acompanhe a atividade municipal e que apresente propostas concretas para o município de Braga, conquistando a credibilidade do eleitorado.

“O PS anda a fazer oposição à quinzena, não é o tipo de oposição que deve fazer se quer liderar a CMB em 2025”

Sem nunca esconder que discorda da estratégia atual da comissão política concelhia do Partido Socialista de Braga, Pedro Sousa considera que para vencer a Câmara Municipal de Braga em 2025 o partido terá que “fazer diferente do que tem sido feito nos anos mais recentes”.

É pública a falta de relacionamento entre Pedro Sousa e Hugo Pires, candidato à Câmara Municipal de Braga em 2021, e deputado na Assembleia da República. Sousa é claro nas críticas ao trabalho de oposição que tem sido desenvolvido pelos atuais vereadores do seu partido na Câmara Municipal de Braga, nomeadamente o atual líder da comissão política concelhia, Artur Feio. “O PS anda a fazer uma oposição à quinzena. Não é o tipo de oposição que o PS deve empreender se quer voltar à liderança da Câmara Municipal de Braga”, advoga.

O candidato à liderança da concelhia socialista lembra também que este “é o momento” de o PS aproveitar a “descoordenação da direita” e a atual “divisão” interna no PSD que ainda não tem candidato definido para 2025.

Garante que se chegar à liderança da concelhia socialista, estará “muito mais presente” e levará o Partido Socialista a fazer uma oposição “muito mais incisiva” até porque, argumenta, “só uma lógica muito diferente e uma verdadeira rede de diálogo permanente em cada freguesia é que pode projetar o PS para uma dinâmica de oposição na câmara municipal”.


“Não queremos nenhum candidato imposto por Lisboa. Não aceitamos o atestado de menoridade que nos últimos anos têm dado ao PS Braga”


Há outra garantia deixada pelo candidato ao cargo ocupado atualmente por Artur Feio. Se vencer, é desde já garantido que Pedro Sousa e a sua equipa não querem nenhum candidato imposto por Lisboa, “seja ele quem for”. 

O antigo líder da bancada do Partido Socialista na Assembleia Municipal de Braga não compreende o caminho trilhado pelo Partido Socialista de Braga nos últimos anos, ao tornar-se “uma espécie de diretório de Lisboa”. “Queremos um PS que se construa em autonomia. Estamos na terceira cidade do país e não aceitamos o atestado de menoridade que nos últimos anos têm dado ao PS Braga”, reitera.

Na opinião de Pedro Sousa, as mais recentes decisões impostas por Lisboa, nomeadamente a lista de candidatos por Braga às eleições legislativas, não são positivas para a legitimidade da concelhia e “desmotivam as pessoas” que trabalham em prol do partido. “A discussão deve fazer-se nos órgãos do partido e as decisões devem ser locais”, acrescenta.

“Estou plenamente confiante na vitória da minha lista em outubro”

Pedro Sousa, que foi também líder da Juventude Socialista de Braga, assume estar “plenamente confiante numa vitória em outubro”. Sem criticar José Pedro Machado, o outro candidato, Sousa refere que conhece há muitos anos o partido, as freguesias e os militantes socialistas do concelho.

Já sobre eventuais candidatos  à Câmara de Braga em 2025, Pedro Sousa diz que a sua lista “não tem uma solução fechada”, ao contrário da lista de José Pedro Machado, porque defende uma discussão “alargada e transparente”, no momento certo.

Hugo Pires terá que mostrar mais trabalho para ser candidato em 2025

Caso Pedro Sousa seja eleito presidente da comissão política concelhia do Partido Socialista de Braga, Hugo Pires terá também de mostrar mais trabalho enquanto líder da oposição. “Para ser o candidato, tem que fazer mais e melhor do que tem revelado nos últimos meses”, aponta.

O PS terá que apresentar aos bracarenses um candidato “vencedor, bem preparado, capaz, conhecedor do território, conhecedor das necessidades e com um projeto ambicioso de desenvolvimento para o concelho de Braga”.

Um líder tem de estar disponível para tudo

Questionado sobre a sua própria disponibilidade para ser o candidato do Partido Socialista em 2025, Pedro Sousa responde que se for presidente da comissão política socialista, tem que estar, desde logo, disponível, daí que seja “mais um nome com especial centralidade para ser considerado”. Atira para uma reflexão “dentro de portas” e numa lógica de “serviço público”.

“A pessoa que reunir as melhores condições, qualquer que seja a pessoa, tem que apresentar um trabalho e uma intervenção na oposição que legitime as escolhas que o PS vai fazer”. “Há total abertura para que seja Hugo Pires ou outra pessoa, desde que apresente os atributos que se exigem. Deve ser uma reflexão muito abrangente, finaliza. 


As eleições para a comissão política concelhia do Partido Socialista estão agendadas para dia 8 de outubro. Artur Feio está de saída por limitação de mandatos. Apoia José Pedro Machado, ele que foi diretor de campanha do Partido Socialista de Braga nas últimas eleições autárquicas, em 2021.

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Elsa Moura
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