BE critica obra do Parque das Camélias. Bessa aponta prémio à requalificação

A concelhia de Braga do Bloco de Esquerda condena a obra que a autarquia está a desenvolver no Parque das Camélias. Uma comitiva do partido esteve, esta sexta-feira, junto à empreitada e apontou críticas à falta de acessos para pessoas com mobilidade reduzida, ao material usado no escadório e à forma como este foi projetado.
A deputada municipal, Alexandra Vieira, não concorda com a visão do projetista, considerando que “ninguém projeta uma escadaria que vai contra as árvores”.”Ou fica ao lado ou se remove o obstáculo, que, neste caso, sendo uma árvore protegida, não se iria remover”, acrescentou. “Uma escadaria destas até é ilegal. Se quero usar esta escadaria e sou deficiente a lei diz que tenho que ter acesso e quem vigia isso é a autarquia”, completou António Lima, também ele deputado municipal, acusando o município liderado por Ricardo Rio de “falta de perspetiva de cidade”.
“Sendo um parque urbano supõe-se que haja caminhos suaves pelos quais as pessoas possam deambular, usando carrinhos de bebé ou cadeiras de rodas. Quem projetou revela uma profunda ignorância sobre como se projetam parques urbanos”, afirmou.
Além disso, os bloquistas condenam o material usado no escadório, “um granito muito caro, irregular e com arestas vivas”, que consideram “perigoso”, sugerindo, por isso, “piso em cimento ou terra batida”.
“Quando mudou do Parque de Exposições de Braga para Altice Forum Braga todo o espaço de usufruto público foi vedado e um parque que já é relativamente pequeno foi encurtado”, referiu ainda Alexandra Vieira, acrescentando que num espaço onde “as pessoas podiam fazer circuitos, agora só encontram obstáculos”.
Alexandra Vieira chega mesmo a sugerir o Parque da Devesa, em Famalicão, ou o Parque da Cidade, no Porto, como exemplos daquilo que se espera que seja um parque urbano.
Altino Bessa: “Estou convencido que aquele parque ainda vai ganhar um prémio pelo tipo de requalificação”
Contactado pela RUM, o vereador Altino Bessa explicou que o escadório pretende preservar a memória do espaço, onde já teve lugar uma pedreira. E, por isso mesmo, o piso é feito “em pedra”. “Temos que perceber a criatividade do arquiteto, que por acaso é paisagista. Existe um muro antigo e a entrada de um portão de uma quinta e o escadório tinha o seu enquadramento, por isso, teria que ficar com aquele perfil e direção”, afirmou o vereador do Ambiente. As árvores “foram acauteladas e não estão em risco”, anunciou Bessa, dando nota de que a autarquia vai, naqueles 25 mil metros quadrados, “plantar 190 árvores e 600 arbustos”.
“Acho que as críticas são conforme dá jeito, porque ou se deitaram árvores abaixo para a construção da ciclovia e não se contemplou o convívio entre a ciclovia e as árvores , ou partilhamos o espaço de convívio entre o utilizador e as árvores, e também somos criticados. Estamos em ano de eleições, qualquer materia é alvo de crítica mais acentuada”, apontou o vereador. Para Altino Bessa, em causa está uma questão “de gosto, que temos que respeitar”.
“Estou convencido que aquele parque, que é um laboratório de experiências ambientais, ainda vai ganhar um prémio pelo tipo de requalificação, pelo respeito integral pelo espaço, arvoredo existente, respeito pelo convívio entre as pessoas, as árvores e a natureza”, afirmou ainda.
Quanto ao acesso ao parque de pessoas com mobilidade reduzida, Bessa garante que “há percursos alternativos que ainda não estão feitos”. Sobre a vedeção, o vereador explica que o objetivo do executivo é que as pessoas usufruam do espaço entre Parque das Camélias e o Parque da Ponte.
O autarca prevê que a requalificação do Parque das Camélias, que custou cerca de 400 mil euros aos cofres municipais, tendo contado com 150 mil euros do PO SEUR, esteja terminada em Junho.
