“Para enfrentarmos os desafios do futuro, temos de priorizar os recursos humanos e materiais”

O Regimento de Cavalaria N.º 6 está a comemorar, até sexta-feira, o 314º Aniversário. As celebrações iniciaram, esta quarta-feira, coincidindo com o Dia da Arma de Cavalaria. Na cerimónia, no Quartel do Areal, em Braga, o Chefe do Estado-Maior do Exército, General Eduardo Ferrão, fez referência ao atual conflito entre a Rússia e a Ucrânia para reforçar a necessidade de adaptar e modernizar os equipamentos militares, no sentido de melhorar a capacidade de resposta.
“Após um período da nossa história, em que o foco do emprego do instrumento militar esteve orientado para as denominadas operações de gestão de crises, o atual conflito entre a Rússia e a Ucrânia, coloca novamente ênfase na guerra convencional, caraterizada por uma elevada atrição, consubstanciada no poder de choque e em elevados consumos de abastecimentos, e que tem trazido à evidência aquilo que o Exército sempre perseguiu, a importância da prontidão do instrumento militar terrestre, sobretudo, para contextos de alta intensidade”, apontou na sua intervenção.
Na sua ótica, o conflito “tem vindo a demonstrar a relevância operacional das unidades mecanizadas pesadas, a importância de atuação no contexto de armas combinadas e a flexibilidade de emprego“.
Neste contexto, para o Chefe do Estado-Maior do Exército “é imperativo que sejam retiradas as devidas lições, que resultem em novas doutrinas, capacidades e métodos de treino”. “Para enfrentarmos os desafios do futuro, temos de continuar a dedicar a máxima prioridade a dois pilares permanentes e estruturais: os recursos humanos e materiais”, vincou, sublinhando que “grande parte do sucesso assenta na conjugação de recursos humanos, bem treinados e motivados, com equipamentos adequados para a geração de um produto operacional de qualidade”.
No seu entender, é necessário continuar trabalhar para reter os militares, nomeadamente “através da melhoria das condições de habitabilidade e da divulgação dos méritos do atual modelo de serviço militar, que possibilita aos nossos militares adquirirem formação certificada e estabilidade nas fileiras, que inclui os Regimes de Contrato e de Contrato Especial, bem como o recém-aprovado Quadro Permanente de Praças”.
Relativamente aos recursos materiais, o General Eduardo Ferrão frisa a necessidade de apostar na modernização, “adequadas às atuais operações militares terrestres”.
“O melhor caminho para a mudança é o desenvolvimento”, Diretor Honorário da Arma de Cavalaria
Por sua vez, na sua intervenção, o Diretor Honorário da Arma de Cavalaria e Tenente-General Vice-Chefe do Estado-Maior do Exército, Xavier de Sousa, homenageou os militares portugueses e sublinhou que o “melhor caminho para a mudança é o desenvolvimento”.
“A perenidade da nossa arma não reside só na obrigação de continuarmos com a nossa história e mantermos vivo o nosso passado, ou em sermos os seguidores incondicionais dos valores que nos caracterizam e todos queremos preservar”, começa por dizer, acrescentando que, no seu entender, a perenidade reside também na “capacidade de sabermos, inteligentemente, adaptarmo-nos, como militares e como arma, à modernidade, respondendo aos desafios que nos são colocados, pelos ambientes operacionais da atualidade e do futuro, com engenho e arte, procurando estarmos atualizados, nas táticas, nas orgânicas, nos equipamentos e nas formas de atuar”.
No âmbito das comemorações, na sexta-feira, pelas 21h30, a Orquestra Ligeira do Exército (OLE) dará um concerto, no Jardim da Avenida Central, em Braga.
