“Os mais jovens estão em maior risco de sofrimento nesta crise pandémica”

A vulnerabilidade dos jovens a tendências depressivas em contexto de pandemia e o modo como se deve combater esse problema foram assuntos em destaque na segunda sessão informativa ‘COVID-i’. O evento organizado pela Universidade do Minho decorreu esta quinta-feira e foi transmitido na página de YouTube da academia minhota.

De acordo com a evidência científica que existe até ao momento, “as pessoas mais jovens têm um maior número de sintomas associados à pandemia”. O psiquiatra Pedro Morgado explica que o cenário é motivado pelo facto de os estudantes, nessa fase da vida, serem “confrontados com mais incertezas em relação ao futuro”.

Uma investigação preliminar desenvolvida pela Universidade do Minho demonstrava essa tendência, que tem sido corroborada por estudos mais recentes. “O que nós temos visto noutros estudos, a nível mundial, é que os mais jovens estão em maior risco de sofrimento”, concretiza.


A ciência mostra também que existem pontos de contacto entre a infecção por Covid-19 e a doença psiquiátrica. Socorrendo-se de um estudo publicado na semana passada, Pedro Morgado fala numa “relação bi-direccional”.


“As pessoas que já têm uma doença psiquiátrica apresentam um maior risco de contrair uma infecção mais grave e, por outro lado, as pessoas infectadas pelo novo coronavírus apresentam maior probabilidade de virem a ter manifestações psiquiátricas nos seis meses após o contágio”, relaciona. O docente da Escola de Medicina dá o exemplo de que os “os comportamentos depressivos relacionados com a Covid-19 verificam-se no dobro das pessoas quando comparado com as que contraem o vírus da gripe sazonal”.

Precisamente para prevenir essas situações ou para controlá-las, a Universidade do Minho disponibiliza uma linha de apoio psicológico, num trabalho concertado entre o Centro de Medicina Digital P5 e a Escola de Psicologia, que também teve uma representante nesta sessão de esclarecimentos.

Psicóloga Eugénia Ribeiro alerta para o impacto das “perdas não reais”

Um dos factores que precipita a “sintomatologia depressiva”, segundo Eugénia Ribeiro, é “a experiência de perda”.

A psicóloga esclarece que há perdas que “não são reais, mas que podem ser igualmente significativas”, como o facto de, numa faixa etária mais jovem, ser retirada “a possibilidade de as pessoas se relacionarem”.

“Não é o facto de se estar isolado que é complicado. O que é complicado é as pessoas sentirem-se sós, sentirem que não têm ninguém com quem contar”, refere. Para combater isso e perante a impossibilidade de haver tanto contacto físico nesta fase, a docente da Escola de Psicologia destaca a importância de “existirem interacções através do telemóvel ou das redes sociais”.

O ensino online também foi abordado nesta sessão direccionada para o impacto da Covid-19 na saúde mental. Eugénia Ribeiro aconselha os estudantes a adoptarem um comportamento semelhante ao que têm nas salas de aula, “arranjando-se e organizando-se como se fossem mesmo para a universidade”. 


“Isto também ajuda a sentir que alguma coisa se mantém. Se a pessoas ficam em pijama, pode haver um maior relaxamento e, assim, não se sentem tão activas e integradas”.

Partilhe esta notícia
Tiago Barquinha
Tiago Barquinha

Deixa-nos uma mensagem

Deixa-nos uma mensagem
Prova que és humano e escreve RUM no campo acima para enviar.
Abel Duarte
NO AR Abel Duarte A seguir: Elisabete Apresentação às 11:00
00:00 / 00:00
aaum aaumtv