Oposição diz que obra das Zonas 30 na Torre Europa está a afectar o comércio

A falta de lugares de estacionamento na urbanização da Torre Europa, na sequência da empreitada das Zonas 30, tem atingido o comércio local. A denúncia foi feita pelos partidos da oposição, na reunião de Câmara desta segunda-feira. Na zona, existem cerca de “85 estabelecimentos comerciais e 4 mil moradores”, que têm por diversas vezes manifestado o seu desagrado com a obra, que ainda está no terreno.
Depois de visitarem a Praça do Bocage, os vereadores do PS e CDU denunciaram alguns inconvenientes. Carlos Almeida começou por falar da ausência de lugares para cargas e descargas, apontando as multas a que têm estado sujeitos os comerciantes que precisam de abastecer os seus espaços.
“Não estou a sugerir que se mantenha a irregularidade do estacionamento, mas que se criem alternativas”, afirmou. Os moradores, continuou o comunista, têm apontado “um terreno, no final da Rua Faustino Ferrador, como alternativa para mais alguns estacionamentos”.
O vereador da CDU apontou ainda “o encerramento de várias lojas e restaurantes ou a sua deslocalização para outras zonas da cidade” como consequência destes problemas que afectam a urbanização, estando em causa “postos de trabalho e a vida das pessoas, dependentes da intervenção do município”. Miguel Bandeira nega que o encerramento destes espaços esteja relacionado com os problemas da obra, mas com “o período que estamos a atravessar, que tem perturbado o comércio e tem consequências um pouco por toda a cidade, independentemente desta situação”.
O socialista Artur Feio apontou ainda outros defeitos à obra, como “rampas de saneamento à porta de comércios por finalizar, provocando cheiros, ausência de lugares para pessoas com mobilidade reduzida, moradores que têm que tirar carros bem estacionados, durante a noite, porque carros da AGERE, bombeiros ou ambulâncias não conseguem ter acesso, ou rampas mal concebidas, que estragam os carros e cujas facturas têm chegado à Câmara”. “Fico com a sensação que quem fiscalizou a obra nunca lá foi. É deitar dinheiro pela janela fora , se estivesse quieto estava melhor”, afirmou o vereador do PS.
“Praça será toda requalificada”
“Reconhecemos que não é um processo fácil, mas a obra não está concluída. Continuaremos a fazer esforços para corrigir o que tem que ser corrigido, mas não se podem corrigir urbanizações feitas há 30 anos que não foram feitas para o caos que já existia antes destas obras terem sido pensadas”, sublinhou o vereador da Mobilidade, Miguel Bandeira. Em causa, lembrou ainda, está uma “regularização do estacionamento”, mas a autarquia “não pode compactuar com ilegalidade e risco de acidente “. “Provavelmente, até vamos conseguir aumentar ligeiramente os lugares, relativamente ao número que existia antes, mas não agora”, disse ainda Bandeira.
O vereador da Gestão e Conservação do Espaço Público mostrou disponibilidade para acelerar a marcação dos lugares de carga e descarga, bem como para pessoas com mobilidade reduzida. João Rodrigues lembrou que será “levada a concurso público a contratação dos arranjos da praça, será toda requalificada, com mobiliário urbano novo, iluminação, arranjo dos espaços verdes e criação de um parque infantil”.
Na sessão participou ainda um morador da urbanização, António Oliveira, que diz não ter recebido resposta da autarquia, a uma carta enviada a propósito do assunto levantado por Feio e Almeida. Ricardo Rio estranha que tal tenha acontecido, uma vez que, explicou, “há uma pessoa responsável pela interlocução com todos os moradores”.
O autarca explicou que há elementos que só na execução da obra se conseguem testar e que as correcções têm sido feitas. As intervenções “de valorização do espaço, ao nível da criação de espaços verdes e equipamentos complementares”, serão “executadas posteriormente”, havendo até “projectos já elaborados à espera da conclusão desta fase”. Rio admite a extensão das obras, a prazo e enquadradas noutras empreitadas. “Já foi identificado para Montélios e na zona envolvente à Torre Europa, em direcção à Quinta de S. José. Serão projectos que complementarão esta intervenção”, finalizou.
Recorde-se que o Município de Braga está a implementar ´Zonas 30´ nos quarteirões da Makro, Torre Europa, Quinta da Fonte e Montélios.
O valor total de adjudicação das empreitadas foi superior a dois milhões de euros, financiados pelo programa operacional do Norte2020 e visa implementar uma nova gestão do estacionamento e reduzir o limite de velocidade.
