“O trânsito em Braga é o trânsito de uma cidade grande”  

Diariamente, centenas de automobilistas que atravessam a cidade para trabalhar queixam-se do tempo que perdem no trânsito. Nos anos mais recentes, intensificam-se as filas e as críticas de quem usa o automóvel com as culpas dirigidas, por maioria de razão, à Câmara Municipal de Braga. Um Nó de Infias à espera de uma intervenção, uma variante que ainda está longe de ficar concluída, mas também ausência de vias dedicadas ao transporte coletivo. A juntar a tudo isto, o início das obras na Avenida da Liberdade e no túnel da Avenida estão nesta altura a complicar ainda mais a vida dos bracarenses.


A meio do seu último mandato enquanto presidente do município, e já com dez anos de experiência enquanto autarca, Ricardo Rio refere-se à mobilidade como “um tema demasiado sério para ser tratado com a ligeireza que muitas vezes se vê”, respondendo aos mais críticos.

“Acho manifestamente exagerado aquela afirmação que muitas vezes se ouve de que o trânsito em Braga é caótico. O trânsito em Braga é o de uma cidade grande, de uma cidade que tem muita gente, que tem muita gente que prefere utilizar o automóvel”, argumenta, acrescentando que as soluções possíveis estão à vista “com uma renovação enormíssima dos transportes públicos, uma diversidade de oferta e redução de custos”.

Já confrontado com a falta de vias dedicadas que colocam os transportes públicos no meio do trânsito da cidade impedindo rapidez e eficiência no serviço, diminuindo a atratividade de novos utilizadores, Rio diz que a autarquia “não pode limitar a circulação automóvel para criar uma via dedicada específica para os transportes públicos em muitas artérias da cidade” tendo em conta a forma como a mesma foi construída, mas admite que “há locais em que isso vai acontecer com a introdução do BRT”.

Já a anunciada conclusão da Variante do Cávado vai ajudar a mitigar o problema de trânsito de atravessamento, mas avisa que o governo também deve contribuir para a viabilização do projeto, para o qual foi lançado o concurso público [execução do projeto]. Ainda assim, note-se que até ao lançamento desta obra, o município ainda terá de terminar as negociações para a aquisição de parcelas de terreno com proprietários privados, assim como levar a cabo um conjunto de expropriações.

“Problema da habitação é mundial. Estamos a trabalhar em todas as frentes”


Milhares de pessoas de diferentes nacionalidades têm procurado a cidade de Braga para viver. Os valores dos imóveis dispararam, quer para arrendamento como para venda. Nesta altura, e como acontece noutras grandes cidades, são cada vez mais as pessoas que residem em espaços ilegais e que alugam camas em apartamentos sobrelotados. Ricardo Rio diz que se trata de um problema “mundial” e que nos últimos anos se construiu “pouco, ou pelo menos muito menos do que era necessário”. Nota ainda que foi “um erro significativo” a revisão do PDM de 2015 em que Braga estava vinculada ao saldo zero. A partir de 2024, com um novo PDM em vigor, o autarca acredita que a expansão “significativa das áreas urbanas”, permitirá mais construção.

No que respeita aos apoios, sublinha que Braga “tem sido absolutamente liderante à escala nacional”, nomeadamente com valores do RADA cinco vezes superior a 2013 (+ de 1.2ME), o programa de apoio ao arrendamento acessível, assim como o programa de comparticipação nos empréstimos de aquisição de habitação, ou projetos de promoção de aquisição de imóveis para disponibilização no mercado a preços acessíveis. Além disso, destaca ainda a reabilitação de imóveis propriedade da autarquia. “Estamos a trabalhar em todas as frentes para que este deixe de ser um problema”, acrescentou.

Arrendamento ilegal e apartamentos com dezenas de habitantes são alguns dos fenómenos que se começam a verificar. O autarca acusa alguns senhorios de se aproveitarem das situações, notando que o município, as juntas de freguesia e as entidades competentes estão a acompanhar as denúncias.

E depois de Ricardo Rio na liderança da coligação? “Os processos de sucessão nunca são fáceis e pacíficos”, responde


Em 2025, Braga conhecerá uma nova liderança na gestão municipal, com a saída de Ricardo Rio por limitação de mandatos. A coligação Juntos por Braga terá de encontrar um novo rosto. O social democrata admite que os processos de sucessão nunca são “fáceis e pacíficos” ainda para mais quando “não há uma solução óbvia”. “Todos os partidos hoje vivem essa indefinição, vai ser encontrada uma ótima solução e o projeto tem de continuar. Seria trágico para Braga que aquilo que tem sido o trabalho extraordinário em todas as áreas da governação municipal não tivesse continuidade para lá de 2025”, vincou.

Quanto ao futuro de Ricardo Rio depois da gestão camarária, a prioridade não será a política ou a vida pública, regressando “provavelmente à vida profissional privada”. “Não digo que não volto a estar envolvido [na vida política] mas não será essa a prioridade”, finalizou.

Nesta mesma entrevista, o autarca voltou a defender a venda do estádio ao SCB, considerando que pode surgir uma nova janela negocial, nomeadamente com a entrada do novo acionista, dono do PSG.


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Elsa Moura
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