“O primeiro-ministro está optimista e acha que vai haver resposta europeia”

À RUM, João Cerejeira revela que a reunião, que juntou economistas liberais e de esquerda, foi pautada pela consonância de ideias: todos, sem excepção, consideram que a economia só pode ser relançada se houver medidas sanitárias restritas nos vários sectores de actividade.
“A economia não se pode sobrepor à saúde e enquanto não houver segurança as empresas não exercem, nem gastam. Sem segurança não há confiança e seria contraproducente levantar rapidamente as medidas de restrição para depois haver uma segunda fase da expansão da doença. Aí seria retirada mais confiança e poderia voltar-se a um ponto ainda pior ao início da recuperação”.
A projecção do FMI de uma recessão de 8% na economia portuguesa foi também abordada na reunião e foi vista como “optimista”, revela João Cerejeira, visto que o sector do Turismo, um dos principais motores da economia nacional, “só vai retomar os níveis anteriores à crise dentro de dois anos“.
“Mesmo que as restrições na circulação sejam levantadas, vai continuar a haver ansiedade e receio de viajar. A quebra no turismo vai ter implicações noutros negócios, como o imobiliário”, argumenta, lembrando que o desafio, no imediato, será encontrar soluções para a “transferência dos trabalhadores que estão num sector que vai passar por uma crise relativamente prolongada para outros mais dinâmicos”.
Apesar de todos os entraves, João Cerejeira viu um primeiro-ministro confiante no relançamento da economia. A razão? O problema atinge todos e de forma semelhante.
“O primeiro-ministro está bastante optimista: acha que vai haver desenvolvimentos ao nível europeu que vão evitar o colapso da dívida como em 2011, em parte porque a situação actual é assimétrica aos vários países. Já não é uma questão de solidariedade, dos que estão melhores ajudarem o que estão piores”.
