O declínio da democracia no centro da nova co-criação da Casa das Artes

“Democracy has been detected” é o nome da nova co-produção da Casa das Artes de Famalicão. A criação, em estreia absoluta esta noite no espaço cultural famalicense, quer explorar o declínio da democracia sob o olhar da geração dos anos 90.

O espectáculo foi criado por Diogo Freitas e Filipe Gouveia e tem produção do colectivo Momento – Artistas Independentes. São parte da geração 90, tal como o elenco, e quiseram questionar “como é que pessoas que nunca que tiveram de lutar pela democracia, que nasceram no pós-25 de Abril e da queda do muro de Berlim, pensam o estado económico, político e social do país”.

Para responder à questão, criaram um lugar ficcionado – chamado Vila Cheia – que propõe uma realidade conhecida: a dos telejornais e dos debates parlamentares mas também dos dramas pessoais. Pelo meio, faz sátira – os deputados reproduzem movimentos de cães e os directos dos telejornais são recheados de ‘isto é tudo uma data de corruptos’ – e apresenta a Inteligência Artificial como solução para o declínio do estado social.

“O espectáculo começa por mostrar a decadência do primeiro-ministro de Vila Cheia mas entretanto surge um novo partido político, o PAI (Partido da Inteligência Artificial), que é visto como a verdadeira solução. Ao longo da peça, vemos como o PAI vai fazendo melhorias, ou não, até chegarmos a um ponto em que se pensa no pós-democracia”.

Ao longo da peça, a humanidade perde-se e o espectador é confrontado com a questão ambígua de “considerar se o avanço tecnológico é ou não positivo para a sociedade”. Filipe Gouveia, enquanto criador, dá a sua resposta: “Já confiamos a nossa vida a um telemóvel ou a um computador, por que não a um país?”

“Democracy has been detected” estreia esta sexta-feira (21h30) na Casa das Artes de Famalicão. Tem ainda sessões previstas para sábado e domingo. Os bilhetes podem ser adquiridos aqui.