“O ano de 2020 teve um impacto imenso na saúde dos portugueses”

Foi há precisamente um ano que foram detatados os primeiros casos de Covid-19, em Portugal. Um no Hospital Santo António e outro no São João, no Porto. Quase 805 mil casos da doença foram registados até agora e há a lamentar 16.351 mortes devido ao novo coronavírus. Ao longo deste ano, mais de 720 mil pessoas recuperaram da doença.
Ao longo dos últimos 365 dias, os portugueses estiveram confinados, limitados e sem poder realizar algumas das suas atividades preferidas. O convívio social foi reduzido ao agregado familiar. Perderam-se entes queridos. A escola e o trabalho mudaram de morada.
Um ano depois, Marina Gonçalves, médica de saúde familiar e diretora clínica do Centro de Medicina Digital P5, afirma que 2020 teve “um imenso impacto na saúde dos portugueses” , em termos físicos, nomeadamente as pessoas que foram infetadas, e a nível emocional”. “Fomos privados das coisas que mais gostávamos de fazer. Ficarmos fechados em casa acaba por ter um enorme impacto psicológico, além de que há também um impacto emocional associado a todos aqueles que perderam pessoas e não conseguiram despedir-se dos seus entes queridos. Ficamos mais fragilizados e nem todos conseguimos adaptar-nos às situações que nos foram exigidas”, acrescentou.
Ter filhos em ensino à distância “é um desafio à sanidade mental”.
Marina Gonçalves escolhe “resiliência” para a palavra que marca o ano de 2020. Desde logo porque os profissionais de saúde tiveram que “aprender a trabalhar de uma maneira complexa”. “Inicialmente os atendimentos eram feitos só por telefone, depois passaram a consultas presenciais, mas a haver 30 ou 40 casos de Covid-19 diários para gerir”, detalhou. Além disso, o termo aplica-se também aos “pais que tiveram que ficar em teletrabalho e com crianças em ensino à distância”. “É um desafio à sanidade mental”, frisou.
Segundo a médica, a pandemia veio agravar situações de depressão e ansiedade. “Temos muitas pessoas com ansiedade e depressão associadas às suas condições de vida. Ficar fechado em casa agrava isso. Há já um aumento de situações de ansiedade e depressão e temos um caminho para percorrer”, explicou.
Marina Gonçalves destaca dois momentos deste ano pandémico: “um negativo, em Janeiro, que nos levou à situação que ainda estamos hoje, em confinamento, e com Portugal com números assustadores; outro positivo, que nos levou a perceber que em duas ou três semanas conseguimos passar de 15 mil casos diários para 1500”.
O desejo, agora, é comum: “sair do confinamento” e avistar o fim da pandemia.
