Número de sem-abrigo em Braga triplicou

O número de sem-abrigo triplicou na cidade de Braga, passando de cerca de “10 a mais de 30”, mas “apenas dois contraíram o novo coronavírus”.

A pandemia arrastou consigo, além de um problema de saúde pública, muitos problemas sociais.

“As dificuldades das famílias e a falta de recursos são os principais factores que justificam este aumento”, apontou o presidente da delegação de Braga da Cruz Vermelha Portuguesa, Armando Osório.

A situação está a preocupar a delegação, que não tem meios para retirar estas pessoas da rua.

“Preocupa-me não ter meios para poder resolver esta situação, que é um problema nacional, não é só de Braga. Se houvesse mais solidariedade, sobretudo de empresas, com a cedência de um apartamento poderia resolver-se a situação de meia dúzia de sem-abrigo, mas sabemos que os apartamentos têm rendas e nós não temos meios”, afirmou o responsável.

Sem morada definida, muitas destas pessoas pernoitam em bancos de jardim e pelos recantos da cidade.

Ainda assim, salientou Armando Osório, “tiveram muitos cuidados” durante a pandemia. O medo de contrair a doença ou infectar outras pessoas levou a que apenas “dez sem-abrigo” tenham procurado o centro de emergência, criado no Pavilhão Polidesportivo da Escola Básica de Nogueira.

“O medo levou a que muita gente quisesse manter-se na rua. As pessoas tinham receio de ir para um ambiente fechado e o centro não chegou a 50% da capacidade”, assegurou.

Segundo o presidente da Cruz Vermelha de Braga, esse espaço foi muito procurado para “a higiene pessoal dessas pessoas”. “Por tudo isso, tivemos apenas dois casos de infecção por Covid-19 no nosso Centro de Acolhimento Temporário, que, entretanto, já passaram a negativo”, adiantou.

O Centro acolhe, neste momento, “47 pessoas” e as residências partilhadas são abrigo para mais “12”. A prioridade da delegação é ajudar aqueles que têm na rua a sua morada. Sem meios, apelam à solidariedade social.