Nova sede permitia à delegação de Braga da LPCC ajudar o dobro dos doentes

Em Braga, o número de doentes oncológicos e respetivos familiares que batem à porta da Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC) é cada vez maior.

Em 2019, o distrito contabilizou 4601 novos casos da doença. Entre as mulheres, predomina o cancro da mama, que atinge sobretudo a faixa etária dos 50 aos 54 anos. Nos homens, prevalece o cancro da próstata, principalmente entre os 65 e os 69 anos. Em ambos os casos, a média nacional supera a europeia e mundial.

Carla Ribeiro, psicóloga da delegação bracarense da Liga, divulga que “a média de idades dos doentes oncológicos, no concelho, situa-se entre os 40 e os 50 anos”.

“São pessoas cada vez mais jovens e com diagnósticos já em fases mais avançadas da doença, o que também é preocupante e está relacionado com os atrasos na identificação da doença e nos rastreios”, fruto do período pandémico, acrescentou.

Em Braga, os pedidos de ajuda têm sofrido algumas alterações, passando a ser submetidos, sobretudo, pelos doentes e não pelas famílias, como acontecia no passado. Nos últimos anos, são os homens procuram mais apoio, ainda que sejam as mulheres a dominar os pedidos de ajuda, fez saber Carla Ribeiro.

“Procuram essencialmente o apoio psico-oncológico e apoio social, porque há cada vez mais carência económica, e nós prestamos apoio no pagamento dos transportes, medicação ou despesas com a renda”, detalhou. Além disso, segundo a psicóloga, são cada vez mais os pedidos de apoio jurídico que chegam à Liga, bem como o apoio informativo, porque, em relação ao cancro, ainda existe muita falta de conhecimento, que a delegação “tenta combater através de ações e consultas”.

“A casa de banho é pública e fora de portas”

É no número 1, da Rua Dom Afonso Henriques, em Braga, que mora a delegação concelhia da Liga Portuguesa Contra o Cancro. A casa já deu abrigo à junta da Sé e agora acolhe os doentes oncológicos do concelho, que mensalmente recorrem ao apoio psicológico, social e informativo.


Quatro salas, três secretárias, 25 voluntários e uma casa de banho pública. São estas as atuais condições da Liga, que apoia 100 pessoas por mês. O número, dizem as responsáveis, podia duplicar se tivesse melhores condições.

“A sala de espera são estas duas cadeiras, aqui sente-se um frio desgraçado. Esta outra sala é a mais jeitosa, para acolher as crianças e adultos, e a outra, que é pequeníssima, é onde se faz o reiki. A casa de banho é pública e fora de portas, toda a gente usa, e o tipo de doentes com que lidamos precisam de um nível de esterilização que este espaço não assegura. Também não temos espaço para fazer reuniões, porque não cabemos, não há sítio onde o diretor não tenha um gabinete e eu nunca tive ao longo destes dez anos”, explicou Fátima Soeiro, coordenadora da delegação.


Para a intervenção em grupo, a LPCC Braga tem que procurar outros espaços, nomeadamente a Biblioteca Lúcio Craveira da Silva ou a Junta de Freguesia de S. Victor.

LPCC de Braga quer avançar com um centro de dia


Fátima Soeiro, que coordena a delegação desde o início, mantém o sonho de abrir uma nova valência em Braga. “Podíamos ter um centro de dia, onde continuássemos a fazer trabalho para lá do que já fazemos. Tenho mão de obra para ajudar os doentes oncológicos, não tenho é sítio”, lamentou a responsável. Segundo a coordenadora, muitos destes doentes vivem sozinhos e precisam de acompanhamento, algo que, neste momento, a Liga não tem condições para fazer. 


O número de voluntários, que mais do que duplicou nos últimos dez anos, podia ser ainda maior se houvesse espaço para os acolher. “Tenho uma psicóloga que já se ofereceu para ser voluntária e podiam ser mais, se tivessemos espaço, permitindo, assim, desenvolver outras atividades”, sublinhou.


Para dar asas ao sonho e abrir o centro de dia, a delegação precisa de uma nova casa. Procuram um espaço central, amplo e com melhores condições. Para isso, a LPCC de Braga conta com a ajuda da sociedade civil e das empresas, que poderão, por exemplo, associar-se ao jantar solidário, que a delegação vai promover, a 13 de maio, dia do seu 10.º aniversário.

“Só a LPCC de Braga é que não tem espaço para nada”, lamentou Fátima Soeiro.

A nova sede, aponta a responsável, deveria permitir ter “o mínimo de gabinetes, sala para reuniões, para atividades de intervenção e um espaço para um dia fazermos o centro de dia”.

“No universo municipal, não temos um espaço com a dignidade que a Liga merece”

A Liga já bateu à porta da autarquia. Do lado de lá, a vice-presidente, Sameiro Araújo, garante que estão a ser procurados espaços, mas “não é fácil”. “No universo municipal, não temos um espaço com a dignidade que a Liga merece. Continuamos à procura, porque entendemos que o trabalho feito pela delegação de Braga é um trabalho importante e de grande qualidade”, finalizou.

Segundo a Agência Internacional para a Pesquisa do Cancro, estima-se que Portugal tenha, por ano, 66,6 mil novos casos de cancro em 2030 e que esse valor aumente para 70,7 mil por ano em 2040.

Em 2019, foram 58 mil e em 2020 60 mil.

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Liliana Oliveira
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