Nova presidente da AAUMinho promete apresentar soluções para as falhas no ensino superior

Margarida Isaías já tomou posse como presidente da Associação Académica da Universidade do Minho (AAUMinho). Este sábado, perante centenas de convidados no Salão Medieval da Reitoria, a estudante e restante direção, foram empossados oficialmente para o mandato de 2023, à semelhança dos eleitos para a Mesa da Reunião Geral de Alunos e para o Conselho Fiscal e Jurisdicional.
A jovem aluna de Medicina vai liderar a direção da AAUMinho num mandato com a duração de um ano. Em doze meses, espera lançar a primeira pedra da sede da Associação Académica no Campus de Gualtar e promete à academia uma moção global para refletir sobre as principais falhas do ensino superior português e na Universidade do Minho, num processo de levantamento de problemas e apresentação de propostas “concretas, justas e possíveis”, na certeza de que o ensino superior público deve ser “de qualidade” e “para todos”.
“O que é que os políticos estão a fazer para se aproximarem dos jovens?”
No seu discurso de tomada de posse, – que mereceu rasgados elogios do reitor e da presidente do Conselho Geral, – a nova representante máxima dos estudantes da academia minhota procurou desmistificar a ideia de que os jovens estão afastados da política. “Porque os jovens não participam, porque são desinteressados, porque têm outras necessidades e encontraram novas formas de participar. O foco parece estar sempre nos jovens, o ónus parece estar sempre na responsabilidade dos jovens na e para com a sociedade. E devia estar mais no sistema político, devia estar mais nos decisores: o que é que os políticos e os partidos estão a fazer para se aproximarem dos jovens? Estão a ir ao encontro dos temas que para eles são importantes? São os jovens uma prioridade?”, questionou.
Na opinião da dirigente, os jovens de hoje em dia “estão a encontrar formas não convencionais de participação política”, dando nota de alguns dados da Fundação Calouste Gulbenkian de 2021 e assinalando que há uma maior participação dos jovens através da assinatura de petições online, com a participação em ações de voluntariado ou até através da não aquisição de algum produto por questões políticas, pelas condições de trabalho ou remunerações de funcionários, assim como por questões de sustentabilidade ou direito dos animais. Já as redes sociais, sublinha, são usadas pelos mais novos como “plataformas de sensibilização e de reivindicação”.
Perante docentes, políticos, e colegas estudantes, Margarida Isaías disse querer também uma academia “mais inclusiva”, e garantiu uma direção da AAUMinho também “atenta à necessidade de trabalhar a problemática do emprego jovem e da emancipação dos jovens”.
A dirigente da AAUMinho terminou a sua intervenção sublinhando a ideia de que os jovens estudantes universitários “estão interessados” e “querem participar”.
Duarte Lopes despede-se com “sentido de dever cumprido”, após cinco anos de ligação à AAUMinho
Antes do discurso da nova presidente da AAUMinho, tomou a palavra Duarte Lopes, de saída do cargo. Após cinco anos de ligação à estrutura, com diferentes responsabilidades ao longo deste período, o estudante de Direito diz sair “com sentido de dever cumprido”. “Dei tudo o que podia ter dado, tentei contribuir ao máximo e espero ter correspondido dentro das expetativas que as pessoas tinham de mim. Saio feliz, foram anos extraordinários. Espero ter acrescentado alguma coisa”, sublinhou.
Em declarações à RUM considerou a requalificação da sede de Guimarães, assim como o espaço UM Futuro e a organização de uma competição mundial, momentos de destaque deste último mandato em que exerceu funções de presidente. Duarte Lopes manifestou ainda a convicção de que 2023 “será um ano de sucesso para a Associação Académica da Universidade do Minho”.
Rui Vieira de Castro “tranquilo” após ouvir discurso da nova presidente da Associação Académica da Universidade do Minho
O reitor da Universidade do Minho, Rui Vieira de Castro, elogiou o “enorme entusiasmo” da nova presidente da AAUMinho, admtindo até ter ficado “preocupado”, no bom sentido da palavra. O responsável da Academia Minhota reconheceu a importância de se ter “uma ideia clara do que se pretende fazer”, antecipando a convicção de que a nova direção da AAUMinho terá uma atuação “incisiva, interpelante e desafiante à própria universidade”, aspetos que diz serem “fundamentais para que a UMinho melhore as respostas às necessidades, interesses e aspirações dos estudantes”.
Considerando que a participação dos estudantes nos órgãos da universidade tem sido estimulada e impulsionada, Rui Vieira de Castro diz que não se deve entrar no processo de apuramento de responsabilidades pelo menor envolvimento dos estudantes. Na opinião do reitor, cabe aos órgãos de gestão pedagógica “criar condições para um envolvimento mais ativo dos estudantes”, assumindo que “é fundamental que tenham voz”.
Perante a plateia, Rui Vieira de Castro disse ainda que 2023 “será um ano de viragem” em matéria de alojamento estudantil. A estimativa é que arranquem os projetos “essenciais” de novas residências universitárias nas cidades de Braga e Guimarães. “Com o PRR temos limites temporais muito precisos”, completou para passar a ideia de que esta oportunidade é “única” para cumprir com os desígnios apresentados.
Quanto à nova sede da AAUMinho, o projeto está praticamente finalizado, estimando para este ano o lançamento do concurso da obra há muito desejada pelos estudantes.
Presidente do Conselho Geral apela à participação ativa dos estudantes nos modelos de governação universitária
O último discurso coube à Presidente do Conselho Geral (CG) da Universidade do Minho, Joana Marques Vidal, ela que sustentou que a participação dos jovens, em diferentes movimentos, órgãos de gestão das escolas e universidades “são excelentes ambientes de formação cívica, de formação política e de exercitação da capacidade que os jovens têm para poderem participar no futuro do país”.
Perante o discurso da nova presidente da AAUMinho, a presidente do Conselho Geral da UMinho disse ficar “sossegada” com as inquietações da estudante. “Os meus apelos são as suas preocupações”, referiu, dirigindo-se a Margarida Isaías. “O programa vai muito para além da academia. Trazem-nos uma visão mais geral do que considera ser a intervenção estudantil. Dou-lhe os parabéns. É uma perspetiva ampla que todos precisamos”, notou.
Recordando temas como as políticas do ensino superior, os projetos de acesso ao ensino superior, a alteração do Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior e a alteração dos critérios de financiamento do ensino superior, a presidente do CG convocou os estudantes “para uma participação ativa, empenhada e com propostas concretas”.
Joana Marques Vidal aproveitou o momento para criticar publicamente o que diz serem os “critérios injustos de financiamento” das instituições de ensino superior que colocam em causa a progressão destas instituições, nomeadamente a Universidade do Minho.
