Nova ‘casa’ da LPCC Braga permite dar resposta aos mais de 30 pedidos de ajuda mensais

Todos os meses, chegam, em média, 30 novos pedidos de ajuda à delegação de Braga da Liga Portuguesa Contra o Cancro. Com mais de 100 utentes mensais a recorrer aos serviços da Liga, a delegação bracarense mudou-se, a 28 de agosto, para novas instalações, na Rua de Santa Margarida, que foram oficialmente inauguradas, esta segunda-feira.
O espaço foi requalificado pela Arquidiocese de Braga, que assegurou a totalidade do investimento, cobrando uma renda mensal à Liga, que, nesse aspeto, conta com a ajuda da Câmara Municipal de Braga, que contribui com 50% do valor. A delegação tem agora espaço para receber mais doentes oncológicos e familiares, sendo que são cada vez mais os pedidos de apoio, sobretudo para consultas de psico-oncologia, asseguradas por três psicólogas. A lista de espera conta já com sete pessoas.
Aumentar o reconhecimento da instituição e ampliar as respostas de apoio são alguns dos objetivos para o futuro, sendo que entre as prioridades está levar os voluntários da delegação, que já são mais de 20, até ao Hospital de Braga. Nesse sentido, está já a ser preparado um protocolo com a ULS Braga. “Queremos ampliar parcerias com a UMinho porque podemos receber e realizar ações de rastreio”, apontou Fátima Soeiro, presidente da delegação de Braga da LPCC.
Ainda no campo do saber, a responsável destacou “o compromisso com a investigação” e relembrou que “a UMinho tem dois investigadores subsidiados pela Liga”, porque “a investigação é um dos aspetos mais importantes para os avanços na prevenção e para a criação de terapias mais eficazes”.
Fátima Soeiro lembra que, todos os anos, morrem no mundo 10 milhões de pessoas vítimas de cancro. Em Portugal são 30 mil. “Mais de um terço da doença podia ser evitada se houvesse prevenção e outro terço podia ser curado se a deteção precoce ocorresse com frequência”, acrescentou.
Por isso mesmo, a LPCC tem como missão “o combate à iliteracia, através de ações de sensibilização, nas escolas, através de tertúlias e conferências”.
“A prevenção e o diagnóstico precoce são as únicas armas contra o cancro”, disse a delegada, apelando que aos decisores para que “haja políticas de atendimento aos doentes oncológicos mais rápidas”.
“No cancro, o tempo importa”. LPCC lamenta atraso em cirurgias e consultas de diagnóstico
Vítor Veloso, presidente do Núcleo Regional do Norte da Liga Portuguesa Contra o Cancro, lamenta o atraso em algumas cirurgias e consultas de diagnóstico, evidenciados num estudo da Entidade Reguladora da Saúde.
“Dezassete por cento das cirurgias protocoladas, que têm tempos limites para ser realizadas, não foram realizadas nos seus timings. No cancro, o tempo importa, vai desde a cura à morte. Sessenta a 70% das consultas para diagnóstico para seguimento de doentes não foram realizadas dentro desse tempo protocolar. São situações dramáticas”, atirou.
Quanto à década de trabalho desenvolvida pela LPCC em Braga, Vítor Veloso fala de “um crescimento exponencial”, realçando o impacto deste trabalho para a região.
O núcleo do Norte da Liga vai atribuir 17 bolsas de investigação, um investimento superior a 200 mil euros que visa o progresso da prevenção, diagnóstico e tratamento do cancro.
Na inauguração, o presidente da Câmara, Ricardo Rio, enalteceu o “trabalho absolutamente notável” que a LPCC tem desenvolvido no país, na região e em Braga. “Não nos podemos demitir, como comunidade, de sensibilizar sobre esta causa, de estimular as atitudes preventivas, para mitigar as incidências”, apelou. Ricardo Rio lamentou ainda que “a igreja de Braga seja muito criticada, por quem não olha para a realidade da sua importância”, realçando que a Arquidiocese “tem estado sempre ao lado dos bracarenses”.
