Notícia de cidadãos a residir em garagens e lojas “não surpreende”

A notícia de mais de uma centena de pessoas a viver ilegalmente em garagens e lojas na cidade de Braga não surpreende João Granja e Carlos Neves, comentadores do programa de debate político da RUM.
No programa Praça do Município deste sábado, João Granja lembrou um conjunto de fatores que já faziam prever situações desta natureza, nomeadamente a capacidade de atração de Braga e o crescimento da cidade nos últimos anos. “Obviamente não fiquei surpreendido. É o aumento da pressão sobre a oferta da habitação instalada, portanto, era normal que acontecessem fenómenos desta natureza”, afirmou.
João Granja lembrou ainda que o caso não é exclusivo de Braga, mas reconheceu que deve ser gerido “com cuidado” pelos responsáveis da cidade. Sublinhando que se trata de um problema “real”, admitiu que se trata de uma questão sensível e complicada. “O sucesso de uma estratégia que visa contrariar esta realidade e prevenir outras dores de cabeça maiores não se resolve com uma medida só, é preciso um conjunto de iniciativas e medidas”, disse para logo depois elogiar o trabalho do município de Braga, “sobretudo na área da habitação”. “Está a aproveitar mecanismos que o próprio governo instituiu [PRR] e tem também tido uma atitude de pro-atividade”. A título de exemplo, João Granja deu conta da contratação de mais nove arquitetos para a área de urbanismo do município “para acelerar a resposta aos processos pendentes”. O comentador sugere ainda ao município de Braga que prossiga com a estratégia local de habitação “com todas as medidas previstas e todos os recursos financeiros que estão afetos à sua realização. Em segundo lugar, acelerar o processo de revisão do PDM libertando mais terrenos para habitação. Nós temos capacidade de oferta para construir”, atirou.
Já o comentador Carlos Neves afirma que a identificação de mais de uma centena de pessoas a viver ilegalmente em garagens e lojas de Braga é mais uma das consequências do problema da habitação, agravado com a chegada de estrangeiros. “Não eram só imigrantes, mas com a chegada de novos residentes o problema agrava-se. Se já era grave sem eles, ainda se torna mais grave. Em cima disto, toda a problemática relacionada com o aumento dos custos para arrendamento ou aquisição, efetivamente está aqui criada a tempestade perfeita, uma mistura absolutamente explosiva, que pode degenerar neste tipo de situações”, considerou.
O programa de debate político da RUM que foi para o ar no sábado ao meio-dia, tem reposição na noite desta segunda-feira, às 20h00.
