Norte 2030 tem “dois mil milhões” para setor da madeira inovar e crescer

O Norte 2030 tem “dois mil milhões de euros” disponíveis para programas ligados à floresta e ao setor da madeira.

Entre 2010 e 2019, as exportações do setor cresceram mil milhões de euros e, entre abril de 2021 e 2022, aumentaram 11%. A tendência, anunciou esta quinta-feira, o presidente da CCDR-N, António Cunha, é de um crescimento “muito grande”. Os principais destinos são França, Espanha e Itália, Estados Unidos, China e Golfo.


No dia em que o Governo português e a Comissão Europeia assinam o acordo de parceria para a execução do Portugal 2030, o responsável esteve no Bom Jesus, onde decorre o Congresso da Indústria da Madeira e Mobiliário, promovido pela Associação das Indústrias de Madeira e Mobiliário de Portugal.

António Cunha lembrou que “as madeiras são sempre importantes e haverá uma intensificação da tecnologia”. “A questão da robotização vai entrar no setor, não só pela questão do preço, mas também pela falta de mão de obra”, acrescentou.

O Portugal 2030, que conta com quase 23 mil milhões, vai disponibilizar 7,8 mil milhões de euros para os fundos regionais e, destes, 3,4 (mil milhões) são para o Norte. Vinte e nove por cento destes mais de três mil milhões vão ser destinados às empresas e investigação, 22,6% para o ambiente e 26,8% para o território, a coesão e as autarquias. No total, são “dois mil milhões de euros a que este setor se poderá candidatar”.

Para o presidente da CCDR-N, “o Norte é a força da indústria nacional, sendo responsável por 40% das exportações”.

CCDR-N desafia construção civil a trocar o cimento por madeira

“Valorizar o território e os ativos do território passa pela floresta e este é um setor que será parte da força exportadora”, reforçou. Segundo o INE, a fileira do Norte tem um valor acrescentado era de 1,3 mil milhões e uma faturação total de 4 mil milhões. As exportações, no mobiliário, têm vindo a crescer, mas “um dos desafios do setor é a geração de valor a partir do que se faz”.


“Uma oportunidade é a questão da construção civil, da madeira estrutural, substituir materiais comentícios por matérias com base de madeira, que resolveria a questão da pegada da construção e reduziria o seu conteúdo carbónico”, apontou o presidente da CCDR-N, garantindo que “grandes grupos da construção estão já a trabalhar neste domínio”

Na sessão, António Cunha revelou que haverá “uma enorme democratização” no setor, “com milhares de microssatélites a serem utilizados por empresas para controlar, por exemplo, a dimensão de copas de árvores e saber quando se pode fazer um abate numa zona ou se há um problema numa floresta”. A tecnologia estará, assim, ao serviço das florestas.

O setor da madeira e do mobiliário, disse ainda, será “determinante para cumprir as metas ambientais, importante para a coesão territorial e estratégico para a economia, porque é um dos poucos setores onde temos uma cadeia de valor completa”.


“Braga não tem conseguido criar uma articulação com todos os proprietários para ter um ordenamento florestal mais consentâneo com os interesses coletivos”

O presidente da autarquia bracarense, Ricardo Rio, evidenciou que em Braga há “produtores florestais, transformadores de madeira e empresas de mobiliário, que extravasam a sua presença para lá das fronteiras do concelho”. Rio pretende que haja um “estímulo para que a qualidade dos produtos possa ter cada vez mais capacidade de afirmação internacional e o setor possa crescer em termos de relevância e, com isso, contribuir para a geração de mais riqueza no território”.

Para o autarca, “a gestão florestal é uma das matérias que mais desafios coloca ao país e os instrumentos que permitem, do ponto de vista do planeamento, a articulação com os proprietários são escassos”. “Braga não tem conseguido criar uma articulação com todos os proprietários para ter um ordenamento florestal mais consentâneo com os interesses coletivos”, apontou.

Ricardo Rio evidenciou ainda o “plano intermunicipal de valorização dos Sacromontes, em que as autarquias de Braga e Guimarães vão trabalhar diretamente com os proprietários, para a salvaguarda patrimonial e a valorização económica dos terrenos desses proprietários”. O presidente da Câmara de Braga espera que este exemplo “possa ser replicado em outras localizações”.

Rio desafiou ainda os empresários do setor da madeira e mobiliário a recorrerem “a centros de investigação da região, que são vocacionados para esta área e são capazes de induzir fontes de inovação”, sendo esta uma oportunidade para o setor se “posicionar como competitivo a nível nacional e internacional”.

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Liliana Oliveira
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