“Ninguém quer a responsabilidade pela crise política, mas todos querem beneficiar dela”

“Ninguém quer assumir a responsabilidade da crise política, mas todos querem beneficiar dela”. Esta é a primeira leitura do politólogo João Pacheco à possibilidade de queda do governo e eleições legislativas antecipadas, ele que admite que pode não estar fechada a hipótese de o PS reprovar a moção de confiança que, tudo aponta, vai ser discutida e votada no Parlamento esta terça-feira, 11 de março.

À RUM, o politólogo doutorado pela Universidade do Minho (UMinho) afirma que está aberta a porta de uma crise política e tem poucas dúvidas de quem será o principal beneficiado. Notando que no debate da moção de censura apresentada pelo PCP foi possível perceber que “ninguém quer ser pai da crise política, mas todos os partidos querem beneficiar dela, tanto o governo como a oposição”, acrescenta que “tudo indica que vamos entrar num novo momento eleitoral”, ainda que se saiba também que “os portugueses não querem eleições”.

A situação atual resulta “numa nova sensação de desconfiança do sistema e dúvida sobre o amanhã”. João Pacheco puxa a cassete atrás para recordar que quando Luís Montegro assumiu o cargo de primeiro ministro, há aproximadamente um ano, “ia transparecendo a sensação de alguma incerteza” mas, com o tempo, “o governo foi-se afirmando e o primeiro-ministro também e deu a sensação na opinião pública de que este governo viria para durar, até um determinado momento”.

Ainda é possível que a moção de confiança seja aprovada?

A esta questão, João Pacheco responde que “essa hipótese ainda estará em aberto” até pelas “pressões internas dentro do Partido Socialista para que Pedro Nuno Santos tome de algumas medidas”, ainda que no mesmo PS muitos socialistas “já estão a dar como adquirido ir para eleições”. Esta semana o PS chumbou a moção de censura apresentada pelo PCP para mostrar “alguma moderação”, ainda que, simultaneamente, permitirá ao PS “votar mais à vontade contra esta moção de confiança”.

João Pacheco considera também que a declaração do Presidente da República, que apontou desde logo às eleições antecipadas é “uma posição coerente”. “Já teve alguns momentos de dissolução, mas de facto é para aí que vamos. O caminho traçado pelo PR é que se não houver um entendimento vamos ter um processo eleitoral”, antecipa.

E se Portugal partir para eleições legislativas antecipadas, a extrema-direita pode voltar a beneficiar desta crise política, admite também o politólogo. “Acredito que [o Chega] será na história um epifenómeno, mas ainda é cedo para acharmos que vai cair a partir do próximo ato eleitoral. Se repararmos, sucessivamente o Chega tem crescido eleitoralmente e em mandatos através de eleições antecipadas e através de sucessivas crises políticas”, recorda.

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Elsa Moura
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