A Universidade do Minho é uma das entidades que vão assinalar o centenário do nascimento de Fernando Távora. Até 2024, estão previstas cerca de 30 iniciativas que passam por visitas guiadas a obras projetadas pelo arquiteto portuense como a Casa de Ofir, o Centro Histórico de Guimarães (classificado como Património da Humanidade pela UNESCO em 2001) e a Escola de Arquitetura, Arte e Design da UMinho, além de exposições, aulas abertas e encontros.

Paulo Cruz, presidente da Escola de Arquitetura, Arte e Design (EAAD), fala num programa alargado entre as universidades do Porto, Minho e Coimbra, mas também autarquias, a Ordem dos Arquitectos e a Fundação Marques da Silva.

Fernando Távora foi responsável pela recuperação do centro histórico de Guimarães e pela elaboração dos edifícios da Assembleia Municipal e da Escola de Arquitetura, Arte e Design da UMinho. O presidente da EAAD recorda Fernando Távora como um "visionário".

"Ele coordenou o trabalho da Comissão Instaladora, teve um ano para preparar o plano de estudos da licenciatura em arquitetura, mas esse documento foi mais longe e apresentava já uma visão do que é que poderia ser a evolução da escola com o tempo. Nesse documento, que deu origem realmente ao curso de arquitetura, falava-se já de outras formações, nomeadamente, nas artes plásticas e no design industrial que realmente se veio a cumprir", refere.

O curso de Arquitetura da UMinho apresenta a segunda melhor média de entrada do país. Uma marca de qualidade que é, para o presidente, devida a Fernando Távora.

"Iniciar um curso de arquitetura muito próximo da Universidade do Porto, que tinha muito prestígio, foi muito importante e, portanto, desde a génese é um curso respeitado pelos seus pares", sublinha.

A Escola de Arquitetura, Arte e Design vai acolher a exposição “Fernando Távora. Pensamento Livre”. Em novembro, Guimarães recebe uma nova exposição intitulada “O valor permanente na obra de Fernando Távora”. Já em dezembro, o campus DST, em Braga, promove os Encontros Fernando Távora. O programa completo pode ser consultado no site da Ordem dos Arquitetos.

Fernando Távora nasceu a 25 de agosto de 1923 na freguesia de Santo Ildefonso, no Porto. Na área da conservação do património deixou trabalhos inigualáveis, como a recuperação do Convento de Santa Marinha da Costa e sua transformação em Pousada (1975-1984), o projeto de remodelação e expansão do Museu Nacional de Soares dos Reis (1988-2001) e o restauro exemplar do Palácio do Freixo e áreas envolventes, no Porto (1996-2003).

Foi também arquiteto da Câmara Municipal do Porto e Consultor da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, do CRUARB (Comissariado para a Recuperação Urbana da Área da Ribeira - Barredo), da Comissão de Coordenação da Região Norte e do Gabinete Técnico da Câmara Municipal de Guimarães. Foi Membro Conselheiro do Comité de Cursos de Campo de Arquitetura da Comunidade Económica Europeia. Faleceu a 3 de setembro de 2005, em Matosinhos.