Academia 01.12.2023 10H22
UMinho abre procedimento disciplinar após agressão à porta de sala de aula
Os dois estudantes envolvidos numa agressão, na noite de terça-feira, são de Mestrado em Informação e Jornalismo. Estudante que provocou agressão que deixou marcas é ainda acusado de comportamentos machistas.
A Universidade do Minho (UMinho) abriu ontem um procedimento disciplinar na sequência de um episódio de agressão no campus de Gualtar que envolveu dois estudantes de mestrado de Informação e Jornalismo, na terça-feira ao final da tarde. A agressão física aconteceu em pleno corredor do Complexo Pedagógico II, à porta da sala onde ambos iriam ter uma aula.
A agressão física terá partido de um aluno contra uma aluna do mesmo grupo de trabalho, ambos há pouco tempo na academia minhota e que foram obrigados a integrar o mesmo grupo de trabalho, mas os relatos do conflito não coincidem. O elemento que provocou a agressão que enviou a estudante para o Hospital de Braga justifica que o pontapé e o soco aconteceram quando se tentava defender da estudante que tinha na mão um guarda-chuva.
As tricas terão começado no dia 24 de novembro, pelo grupo de WhatsApp criado para o trabalho, com o estudante português, agora acusado de agressão física a criticar atrasos da aluna de 49 anos, de nacionalidade brasileira e a dirigir vários comentários machistas. O grupo era constituído por mais dois elementos, outra aluna brasileira e outro estudante de nacionalidade estrangeira.
Aos microfones da RUM, a estudante Grazielle Tavares acusa o colega de várias atitudes “grosseiras e machistas” seguidas de declarações “xenófobas” e de uma agressão em pleno corredor da universidade, ao final da tarde de terça-feira.
Depois de um atraso da aluna para uma reunião de um grupo de trabalho, o estudante terá insultado a colega numa primeira abordagem quando se encontraram à porta do ICS onde a terá chamado de 'filha da p...' e abandonado o local e só mais tarde, noutro espaço da UMinho, agrediu-a em frente a outros estudantes da turma, à porta da sala de aula, no CP2 na sequência de uma nova troca de palavras entre os dois.
[Depois do primeiro episódio no ICS, os estudantes voltaram ao CP2 onde teriam uma aula do referido mestrado.]
“Estava sentada com o guarda-chuva numa mão e o telefone na outra e ele entrava e saía da sala sempre com um ar ameaçador, mas num determinado momento os nossos olhares cruzaram-se”, conta a agredida a admitir que lhe disse que “não tinha medo”. Em resposta, o estudante voltou a insultar a colega chamando-a novamente de “grandessíssima filha da p…” e convidando-a a ir para o país dela [Brasil]. A estudante diz que se levantou e deu “dois passos na direção dele com o guarda-chuva na mão” para lhe dizer para repetir o que acabava de dizer, momento em que foi imediatamente agredida com “um soco no rosto” que a lançou para o chão.
A aluna foi socorrida primeiro por uma professora e lamenta que nenhum colega tenha de imediato travado o agressor, provavelmente com medo de serem também agredidos. Momentos depois, Grazielle relata que um jovem aluno terá criticado o agressor junto do mesmo, condenando o ato, já que depois da situação ficou “de mãos nos bolsos” no mesmo corredor. A vítima admite que gritou que foi agredida “por um português” e começou a filmar, registo que acredita que possa ajudar no processo, enquanto que o agressor terá sugerido à aluna que regressasse ao país dela e terá alegado que a mesma estaria a pagar os estudos 'vendendo o corpo'.
A estudante, antiga jornalista no Brasil, foi assistida pelos bombeiros ainda no corredor do complexo e depois transportada para o Hospital de Braga para realizar exames e receber tratamento. No local esteve também a GNR a tomar conta da ocorrência e antes disso um segurança da própria Universidade do Minho que, na opinião da vítima, não terá abordado a situação de forma correta. “O segurança foi muito infeliz, perguntou-me o que é que tinha falado de tão grave para ele me agredir. A professora pediu ao segurança que se retirasse dizendo que nada justifica uma agressão física”, acrescentou Grazielle em declarações à Universitária.
A estudante agredida assegura que vai apresentar queixa no Ministério Público.
"Fui agredido e defendi-me"
A RUM contactou o estudante que é acusado de agressão, mas João Bernardo Mendes não quis gravar declarações referindo apenas que foi “agredido e defendeu-se”. Apela agora à Universidade do Minho “que seja célere a resolver a questão”.
O estudante enviou, no entanto, a sua versão dos factos para um outro órgão de comunicação social brasileiro em que assume a agressão à colega com um soco e um pontapé. “Ela veio com o guarda-chuva no ar, apontado para a minha cabeça. Eu uso óculos. Dei-lhe um pontapé de lado no abdómen com o objetivo de manter a distância e desviar o guarda-chuva. Ela tentou novamente me agredir e dei-lhe um murro direto na boca. (…) Não foi nenhum cruzado, para não colocar força desnecessária em locais que pudessem constituir lesões mais complicadas”, disse.
Reitoria estuda caso para tomar medidas adequadas
A RUM entrou ainda em contacto com a Universidade do Minho que, em resposta formal, confirmou ter conhecimento do episódio de agressão ocorrido no interior de um edifício do campus de Gualtar, entre dois estudantes de pós-graduação. "Informa ainda que o Reitor, tendo recebido o relatório da equipa de segurança – que descreve o incidente -, entendeu determinar a abertura de um procedimento disciplinar, destinado a apurar os factos e, com base nisso, tomar as medidas adequadas", pode ler-se no comunicado.