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Liliana Oliveira

Academia 26.10.2020 20H00

"Os casos graves e muito graves de Covid-19 são os mais preocupantes"

Escrito por Liliana Oliveira
Professor da Escola de Medicina da UMinho, Pedro Teixeira, diz que evolução dos casos graves e muito graves, nomeadamente internamentos, é o que traça melhor a gravidade da situação epidemiológica.
Pedro Teixeira, docente da Escola de Medicina da Universidade do Minho

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Nos últimos dias, o número de novos casos de Covid-19 em Portugal bateu recordes. No entanto, para Pedro Teixeira, professor da Escola de Medicina da Universidade do Minho, "os casos graves e muito graves são os mais preocupantes". Os números referentes à evolução da pandemia provenientes das autoridades de saúde nacionais e locais não coincidem, facto que tem suscitado algumas questões. Pedro Teixeira considera que essa diferença é justificada pelo "sistema de gestão de dados, a forma como esses dados são reportados e partilhados, ou não, publicamente". "Na ausência de dados mais completos, sugeria não olharmos tanto para o número de casos activos diários. Temos um número de casos de internados em unidades de cuidados intensivos e em hospitais, que nos dão um indicador da propagação da doença. São os que traçam melhor a gravidade da situação que estamos a viver", justificou o investigador, em entrevista à RUM. 


Com o país já a viver a segunda vaga da pandemia, de acordo com o investigador, é expectável que o número de casos diários atinja, nos próximos dias, os "cinco mil". Com o aumento de casos activos, aumentam também os casos graves e muito graves. 

Segundo Pedro Teixeira, estes casos "estão a aumentar a um ritmo preocupante, que vai colocar uma sobrecarga no sistema de saúde". "Vai aumentar o número de óbitos, que poderá levar-nos a um limiar de tensão em termos de capacidade de resposta do sistema de saúde para aguentar o impacto desta segunda onda. A grande questão é o quão forte vai ser o impacto e que capacidade terá o sistema para fazer face a esse impacto", afirmou. 


Surto da gripe deve ser menor este ano


Com a chegada do Outuno, surge também o receio do pico da gripe coincidir com a pandemia. 

O docente adianta que "houve pouca gripe sazonal no hemisfério Sul e, por isso, é expectável que seja também menos no hemisfério Norte", até porque "as medidas que estamos a tomar para conter a Covid-19 são também eficazes para a contenção da gripe". "Pode haver um quadro clínico que se possa confundir entre as duas doenças, mas o receio de que a gripe possa ter valores elevados e agravar a situação creio que é atenuado", assegurou. 


Pedro Teixeira alertou ainda para a importância da informação num surto epidémico como o que vivemos. Segundo o investigador, há ainda dúvidas sobre o isolamento profilático e os comportamentos mais adequados, sendo a comunicação com a população essencial na gestão da pandemia. 

"Aquando do desconfinamento passou-se uma mensagem de que o pior já tinha passado, surgiram mensagens contraditórias sobre o que era permitido em termos de ajuntamentos, que levou a população a desconsiderar um conjunto de comportamentos essenciais. Os comportamentos não mudaram, mas entramos no mês de Setembro e as condições de sazonalidade são muito mais favoráveis à propagação do vírus", finalizou.

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