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Marcelo Hermsdorf / RUM
Ariana Azevedo

Legislativas 2025 09.05.2025 19H56

O que está em causa nas eleições de 18 de maio? Para Francisco Louçã, a resposta é clara. "A liberdade"

Escrito por Ariana Azevedo
Cabeça de lista do Bloco de Esquerda pelo distrito, Francisco Louçã afirma estar "empenhado" em "retirar um deputado ao Chega ou à AD" e que o BE é "o único partido com condições para eleger um deputado de esquerda em Braga". 
Francisco Louçã em entrevista à RUM:

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Francisco Louçã regressa à linha da frente da política com uma missão clara: eleger um deputado do Bloco de Esquerda (BE) por Braga nas legislativas de 18 de maio. Em 2024, o partido obteve 21.388 votos no distrito e esteve "à beira de eleger, foi por poucas centenas de votos”, afirma o número um pelo círculo eleitoral, em entrevista à RUM. 


O candidato recorda que "o Bloco tem mais ou menos a soma dos votos do LIVRE e da CDU", o que o torna "o único partido com condições para eleger um deputado de esquerda em Braga”“Se assim acontecer, vai retirar um deputado ao Chega ou à AD, e eu tenho gosto nisso com franqueza. Estou empenhado nisso”, vinca.


O economista quer transformar a eleição num sinal político a nível nacional. “Braga conta. Braga determina. Braga quer fazer uma mudança na política do país.”


“Portugal está rodeado de abutres”


Louçã vê a eleição como uma batalha pela democracia. Não poupa palavras ao caracterizar o momento político. “Portugal está rodeado de abutres. Não só são as ameaças internacionais, guerras, o genocídio em Gaza, um fascista na Casa Branca, mas sentimos na nossa pele, no nosso povo, dificuldades e grandes ameaças.”


Questionado sobre a presença de 50 deputados do Chega no Parlamento, é direto. "São 50 fascistas. São rufias. Na verdade, é um projeto político. É a ideia de que a democracia deve ser degradada para que haja um regime autoritário. À Trump, à Meloni, ou como seja", especifica.


“Todas as pessoas devem poder chegar à universidade”


A educação é uma das áreas-chave da proposta do BE. Louçã defende o fim das propinas e critica os custos elevados do segundo ciclo de estudos. “Não tem nenhum sentido que os mestrados sejam pagos a um preço exorbitante, devem ser também de acesso para os estudantes, porque é ciência, o que eles estudam é o que nos devolvem”, destaca.


O professor catedrático no ISEG aponta também para a qualidade da UMinho, "uma universidade de grande qualidade e que tem cursos excelentes, dos melhores do país” mas reforça que falar de acesso ao ensino superior sem falar de habitação é "ignorar o essencial." "Pode haver uma bolsa no apoio social a um estudante. Agora, se o quarto custar 400 euros, então não consegue estudar, porque come o valor da bolsa”, aponta.


Para o ex-coordenador do partido, "todas as pessoas devem poder chegar à universidade, devem poder cursar a universidade em função da sua capacidade e poder aprender. É assim que o país se faz melhor”.


Louçã destaca ainda o potencial da investigação científica. “O futuro é a investigação. Temos um supercomputador em Guimarães. É preciso que haja um melhor aproveitamento”.


“Os estudantes estão proibidos de ter casa”


A habitação é, para Louçã, o maior bloqueio à autonomia da juventude. Neste tema, acusa os restantes partidos de inação. “Todos os partidos acham que não há nada a fazer e que pronto, olha, paciência, caiu-nos o céu em cima."


Na cidade de Braga, [a habitação pública] é menos do que 1%. Há países da Europa com governos liberais (...) que têm 25% de habitação pública.

Defende a criação de um teto às rendas e rejeita medidas avulsas como os subsídios ao arrendamento. “O que é que um senhorio faz quando sabe que há um subsídio de 200 euros? A casa era 1000. Ah, vai receber um subsídio de 200, vou cobrar 1200 de renda”, explica. Na opinião do candidato, os estudantes estão "proibidos de ter casa, os jovens estão impedidos de ter uma vida. Retirar-lhes o direito à habitação é retirar-lhes a vida, a autonomia, a alegria”.



“O Hospital de Braga é do povo de Braga, não é de uma empresa”


Sobre a possibilidade de uma nova parceria público-privada no Hospital de Braga, o número um do Bloco de Esquerda pelo círculo eleitoral do distrito é claro. “Não quero que isto se repita. Este hospital é do povo de Braga, não é de uma empresa.”


Entre 2009 e 2021, a unidade hospitalar esteve sob gestão do grupo Mello Saúde. O doutorado em Economia detalha que “o Tribunal de Contas fez as contas e descobriu que, durante cinco anos seguidos, o hospital esteve em falência técnica". "Como é que o Rui Rocha se atreve a dizer que isto é boa gestão?", atira. 


Quando questionado sobre o que está verdadeiramente em causa a 18 de maio, Louçã não hesita na resposta: “A liberdade.”


A entrevista ao cabeça de lista pelo Bloco de Esquerda ao círculo eleitoral de Braga está disponível na íntegra em podcast.

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