O presidente da Câmara de Braga reconheceu hoje, durante a reunião de executivo municipal, que os maus cheiros provocados pela ETAR de Frossos "envergonham" a cidade.

A Estação de Tratamento de Águas Residuais está a ser alvo de uma intervenção de manutenção, prevista terminar no final deste mês, e que está a provocar sobrecarga e consequentes maus odores.

Na reunião de executivo, Ricardo Rio admitiu que a situação deve "envergonhar" porque "nenhuma população deveria ter de sofrer, de há muitos anos a esta parte, as consequências das circunstâncias em que a ETAR foi construída". 

Ainda assim, o autarca lembrou que, desde 2014 até hoje, a Agere já investiu 2 milhões de euros em melhorias da ETAR, acreditando que a mais recente intervenção resulte "em consequências bastante mais diminuídas para a população envolvente".

O assunto foi levantado pelo vereador do PS, Artur Feio, que assinalou que o problema dos maus odores "é há muito conhecido", desde 2013, altura em que a ERSAR (Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos) elaborou um relatório na sequência da eventual celebração de um contrato de gestão delegada entre a autarquia e a Agere.

"O parecer já abordava que a incapacidade desta ETAR levava a que fossem lançadas, frequentemente, cargas biológicas no rio Cávado", lembrou o socialista, lamentando que os maus odores da estação não são apenas sentidos em "Frossos, Real ou Merelim" mas já, e também, "na zona de cima da cidade" em locais como "a Estação de Caminhos de Ferro", não sendo "forma de receber quem visita a cidade".

Artur Feio acusou ainda o atual executivo de se apoiar na gestão municipal anterior para justificar os constragimentos verificados na ETAR. 

"Há a sensação de que a lógica é do Mesquita, do PS e do passado. A verdade é que, durante 8 anos, os senhores não tiveram capacidade de prever aquilo que toda a gente sabia, infelizmente ao ponto de hoje em dia aquela população viver sufocada pelos maus cheiros permanentes", acusou.

Construção da nova ETAR vai arrancar este ano, garante Ricardo Rio

Ricardo Rio aproveitou a situação da ETAR de Frossos para informar que o início da obra da nova ETAR de Vale do Este "está previsto para este ano".

O autarca recordou a obrigatoriedade de existir "garantia de funcionamento e testes" da nova ETAR, compromissos que levam a que a infraestrutura esteja em funcionamento "só no segundo semestre de 2023".

Ricardo Rio assinalou que o novo equipamento, que vai custar cerca de 26 milhões de euros, 9 dos quais com recurso a fundos comunitários, vai resultar numa "solução diluída em termos de carga entre as duas ETAR [Frossos e Vale do Este]" e que "os problemas serão residuais".