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Fonte: Global Imagens
Tiago Barquinha

Desporto 05.08.2022 21H00

João Pinheiro e as críticas à arbitragem: “Nunca recebi ameaças de morte, mas de porrada já”

Escrito por Tiago Barquinha
Na sua perspetiva, as multas deveriam ser “mais significativas” e não apenas traduzirem-se em "dinheiro que representa uma tarde ou um dia de futebol”.
Excerto da entrevista no programa RUM(O) Desportivo.

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João Pinheiro defende uma punição mais severa para quem critica a arbitragem. Em entrevista no programa RUM(O) Desportivo, emitido esta sexta-feira, lamenta o clima de crispação que existe em Portugal e confessa que já sofreu várias ameaças.


O árbitro da Associação de Futebol de Braga, considerado o melhor das últimas duas épocas, a nível nacional, refere que se “continua a fazer de conta que as coisas não existem”. “Punimos passados uns meses, suspendem, recorrem e recorrem…”, acrescenta.


No seu entender, as multas deveriam ser “mais significativas” e não apenas consistirem em "dinheiro que representa uma tarde ou um dia de futebol”. Noutros países, frisa, dando o exemplo de Inglaterra, “um treinador ou um dirigente que fale mal da arbitragem é punido com multas pesadas”. 


“Estar escrito em jornais que determinado árbitro deveria ser preso e fazer daquilo uma coisa normal e nada se passar é estarmos num mundo completamente à parte”, aponta.



"Dizer que um árbitro é corrupto incomoda"


João Pinheiro deixou de ver programa desportivos porque passou a ser “sadomasoquismo”, lamentando “as barbaridades que as pessoas dizem acerca da pessoa e não do árbitro”. “Falar que o João Pinheiro é um mau árbitro, que é incompetente, não acerta ou não vê nada, para mim, isso é normal. Agora dizer que é corrupto, que faz as coisas de propósito para beneficiar um ou outro, isso é que me incomoda”, compara.


Apesar de evitar ao máximo a visualização das críticas - não deixando, ainda assim, de espreitar a análise de alguns ex-árbitros em jornais, até porque é importante ter “outras perspetivas” -, admite que já sofreu ameaças, presencialmente, por correio e por telefone.  


Até hoje nunca recebeu ameaças de morte, mas sim de “porrada”, com a situação a adensar-se na penúltima época, que foi "muita complicada", tendo "acalmado um pouco" na temporada 2021/2022.


Quando começou na primeira liga, em 2015, confessa que “custou um bocadinho” enfrentar esse cenário, até porque "pensava que só acontecia aos outros", salientando que agora já está “habituado”. “Afeta-me principalmente quando envolve a minha família”, refere.



João Pinheiro mostra-se preocupado com "suspeição" constante


O clima de fricção que paira no futebol português, na sua forma de ver, é o espelho do que acontece na sociedade, em que se “suspeita de tudo”. João Pinheiro lamenta que seja normal as pessoas “identificarem os árbitros com um clube”, enaltecendo que “trabalham muito para acertar e para tomar as melhores decisões”. Quando não tem sucesso, “os dias seguintes são complicados”, enaltece, dando um exemplo.


“Já tive uma prestação muito má, que me obrigou a parar uma ou duas semanas. Fiquei mesmo afetado. O jogo correu logo mal logo a partir do primeiro minuto e depois nunca mais consegui estar concentrado. Serviu de lição para o futuro”, confidencia o árbitro que figura nos quadros da UEFA e da FIFA desde 2016.

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