Academia 07.10.2022 15H35
Investigação na UMinho está "estagnada". Denúncia partiu do ICVS
Conselho Geral constituiu um grupo de trabalho que será responsável para definir uma estratégia para que, futuramente, uma ´task-force` possa identificar soluções para mitigar as dificuldades existentes.
A investigação na Universidade do Minho está “estagnada”. A denúncia é feita por vários investigadores e docentes do ICVS da Escola de Medicina que, numa carta endereçada ao Conselho Geral da academia minhota, alertam para o impacto do subfinanciamento da instituição nesta área e, consequentemente, na motivação dos recursos humanos e saúde mental dos estudantes de doutoramento, pois não conseguem dar continuidade ou terminar os seus trabalhos e isso, nas palavras da porta-voz, tem criado grandes níveis de ansiedade.
Na reunião desta sexta-feira, a conselheira Ana João Rodrigues defendeu que o atual modelo de gestão da academia minhota se tem traduzido em constrangimentos quer ao nível de bens e serviços como de equipamentos, o que acaba por inviabilizar as atividades de investigação e desenvolvimento. "Isto está a afetar o bom nome da UMinho e dos próprios investigadores", declara.
Segundo os investigadores existem encomendas atrasadas há vários meses, mesmo em projetos que já receberam financiamento.
O reitor da UMinho frisa que este é um problema "transversal" e não exclusivo dos investigadores da academia. O subfinanciamento da instituição conjugado com as despesas fixas da universidade com pessoal, edificado, entre outros, contribui para a problemática. Por isso, o responsável máximo da UMinho vê com bons olhos a intenção da Ministra do Ensino Superior avançar, já em 2024, com um novo modelo de financiamento para as academias.
Neste momento, o CRUP - Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas - está a elaborar uma proposta de modelo de financiamento que está a ser coordenada pelo presidente do mesmo, António de Sousa Pereira.
"Seja uma proposta de financiamento mais simplificada considerando a massa salarial e o número de estudantes, quer seja mais sofisticada incorporando a internacionalização ou a investigação, a UMinho ficaria a ganhar porque está fortemente prejudicada", afirma.
A agravar a situação estão os atrasos das agências financiadoras que continuam a bater "recordes". De acordo com o vice-reitor para a Investigação e Inovação, Eugénio Campos Ferreira, os valores já ultrapassaram os 15 milhões de euros.
O Conselho Geral da UMinho criou um grupo de trabalho que será responsável para definir uma estratégia para que, futuramente, uma ´task-force` possa identificar soluções para mitigar as dificuldades existentes e comunicar os avanços e contactos feitos pela reitoria. O grupo é composto pela presidente do órgão, Joana Marques Vidal, e os conselheiros Ana João Rodrigues, Cláudia Pascoal e Nuno Cerca.
Em 2023, irão arrancar os orçamentos por unidades orgânicas que serão responsáveis por todas as receitas e despesas das mesmas, incluindo propinas. Para além das 12 unidades orgânicas, será criada uma 13ª apelidada de “Governo e Administração”, para a qual serão canalizadas as receitas e despesas relacionadas com a atividade das unidades de serviços, unidades culturais, unidades diferenciadas e também projetos transversais.