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Vanessa Batista

Regional 16.11.2020 08H00

"Capacitar para a autonomia" pode estar em risco em 2021

Escrito por Vanessa Batista
Projecto inovador da Cerci Braga visa promover a autonomia de 12 jovens com deficiência até Dezembro. Cinco utentes já estão a partilhar um apartamento.
Vera Vaz, presidente do Conselho de Administração da Cerci Braga, a adiantar a necessidade de apoios da parte da Segurança Social. A responsável elenca ainda as mais valias deste projecto-piloto na vida dos utentes.

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Até ao final do ano, 12 jovens com deficiência vão passar pelo projecto “Capacitar para a autonomia”. Um projecto-piloto desenvolvido pela Cerci Braga - Cooperativa de Educação e Reabilitação para Cidadãos mais Incluídos – que visa preparar os utentes para uma vida mais autónoma, organizada e confiante fora da casa dos pais.


Ao longo de um a três meses, cinco jovens seleccionados partilham um apartamento com o intuito de "experienciar o que é ser autónomo, responsável pelas suas coisas e espaço", ou seja, acabam por realizar todo o género de actividades domésticas do dia-a-dia. Um processo de adaptação que é acompanhado pela Cerci Braga.


Durante o dia os utentes estão no Centro de Actividades Ocupacionais ou em contexto de trabalho, sendo que a pandemia veio suspender a maioria destas iniciativas. Ao final do dia voltam ao apartamento, já aos fins-de-semana têm a opção de permanecer nesta habitação ou voltar a casa. A experiência tem sido tão positiva que muitos jovens "recusam ir para casa porque querem ficar no apartamento", confessa a presidente da Cerci Braga.

O projecto conta com o apoio do Instituto Nacional para a Reabilitação (INR).


Vera Vaz ambiciona continuar de forma mais permanente o projecto em 2021, uma vez que tem "resultados óptimos" quer ao nível da procura das famílias como de desenvolvimento de competências dos utentes. "Nota-se uma evolução tremenda em termos de autonomia, nas rotinas, organização de casa e no tratamento de roupas", frisa.


Contudo, a pandemia de Covid-19 originou alguns constrangimentos financeiros, visto que campanhas como o Pirilampo Mágico não chegaram a acontecer. Desta forma, torna-se difícil fazer face às despesas com a renda do espaço e recursos humanos. "Não vamos a curto médio prazo colocar projectos como este em desenvolvimento porque não vamos ter verbas para tal", afirma. No entanto, a resposta social está assegurada, uma vez que a Segurança Social não aplicou cortes no financiamento o que acaba por "equilibrar" as contas da instituição.


A presidente assegura que a Cerci Braga está a trabalhar no sentido de conseguir respostas da parte da Segurança Social, de modo a que a entidade considere este projecto como uma mais valia e assim enveredar por este género de financiamento. Uma resposta essencial para além dos lares residências.


Vera Vaz defende que a Segurança Social deveria olhar também para os casos dos jovens com deficiências que conseguem, com alguma formação e acompanhamento, tornarem-se mais autónomos. A Cerci Braga está também aberta a apoios particulares.

A presidente já contactou a Câmara Municipal de Braga, mas neste momento não existem apoios disponíveis no sector da habitação social face à grande procura.



Cerci Braga não registou nenhum caso de Covid-19.


Dos 30 utentes apenas quatro não regressaram ao centro, sendo que a Cerci Braga está a prestar apoio domiciliário e através das plataformas digitais.


A maior dificuldade da Cerci Braga é a mobilidade dos utentes. Devido às distâncias de segurança recomendadas pela Direção-Geral de Saúde não é possível transportar os utentes no autocarro ou nas duas carrinhas da instituição, assim sendo os jovens têm de recorrer aos transportes públicos.



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