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Fonte: Nuno Gonçalves/UMinho
Tiago Barquinha

Academia 07.08.2020 18H20

Atraso de documento dificulta acesso dos alunos de Enfermagem ao mercado de trabalho

Escrito por Tiago Barquinha
A bastonária da Ordem dos Enfermeiros responsabiliza a presidente da Escola de Enfermagem da Universidade do Minho. Confrontado com o cenário, o reitor garante que o processo vai ser resolvido "o mais rapidamente possível”.
O reitor Rui Vieira de Castro e a bastonária Ana Rita Cavaco debatem a situação.

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A demora da Universidade do Minho na emissão do suplemento ao diploma está a travar a transição dos estudantes de Enfermagem para o mercado de trabalho. A situação motivou uma queixa da Ordem dos Enfermeiros à Inspeção-Geral da Educação e Ciência.


Este ano, face à pandemia, o tempo de estágio em hospitais e centros de saúde desceu para um mínimo de 1.800 horas. Nesse sentido, a Ordem dos Enfermeiros exigiu aos recém-licenciados que entregassem o suplemento ao diploma com essa informação como requisito obrigatório para a obtenção da cédula profissional.


Em declarações à RUM, a bastonária explica que o atraso do processo por parte da academia minhota está a ter implicações no futuro dos cerca de 100 alunos que terminaram o curso no final de Julho. “Face ao cenário que conhecemos e aos contactos que temos dos hospitais e dos centros de saúde, não temos dúvidas nenhuma que, se os estudantes tivessem o suplemento e, consecutivamente, a cédula, já estavam a trabalhar”.


Ana Rita Cavaco refere que, sobretudo por causa da pandemia, o panorama em termos de contratação pública é diferente daquele vigorava nos últimos anos, em que “não havia oferta nenhuma e as pessoas emigravam”. Segundo a bastonária, as administração regionais de saúde “ligam todos os dias para a ordem porque não têm enfermeiros” e, que por isso, “precisam de contratar”.


“Necessitamos efectivamente deles. Não é só a questão do futuro dos alunos que é muito importante, mas é o futuro de todos nós. Eles são precisos para cuidar das pessoas e, portanto, a Universidade do Minho tem que emitir um papel para 100 pessoas, o que me parece uma coisa simples. O senhor reitor só tem que dar corda aos sapatos e fazer o que todas as outras instituições de Ensino Superior fizeram”.



Reitor da UMinho e bastonária apresentam versões diferentes


Contactado pela RUM, o reitor da Universidade do Minho refere que o documento não foi emitido mais cedo porque era impossível do ponto de vista logístico, destacando que a actividade lectiva só terminou a 30 de Julho, há cerca de uma semana. “Parece-me quase absurdo que se tenha requerido à universidade a emissão do suplemento quando o ano lectivo não estava ainda concluído”, afirma Rui Vieira de Castro.


A bastonária da Ordem dos Enfermeiros contraria o argumento do reitor, referindo que todas as escolas superiores do país foram “informadas em Abril que tinham de começar a tratar do assunto, de forma a que emitissem o documento mal terminasse o ano lectivo”.


Ana Rita Cavaco adianta ainda que o reitor "admitiu que não tinha conhecimento desse ofício”. Quem tratou do processo foi Ana Paula Macedo, presidente da Escola de Enfermagem da Universidade do Minho, algo que terá dificultado a situação, segundo a responsável máxima pela Ordem dos Enfermeiros.


“Há uma presidente que foi avisada em Abril e que não resolveu o problema. A única coisa que motivou a nossa queixa à Inspeção-Geral da Educação e Ciência foi o facto de ela ter dito telefonicamente ao vice-presidente da Ordem dos Enfermeiros, em Julho, que só podia passar o suplemento ao diploma dali a cinco meses”.


A bastonária diz que “os alunos, os enfermeiros e o país não têm culpa que as pessoas sejam incompetentes” e pede ao reitor que tire ilações da situação, considerando que a presidente da escola "está num lugar que não consegue cumprir”.



Reitor não concorda com procedimento mas garante celeridade na emissão do documento


No suplemento ao diploma estão inscritas informações complementares do percurso dos estudantes para potenciar a sua empregabilidade, descrevendo a instituição, o curso e as actividades extracurriculares realizadas.


Além disso, este ano, apresenta a alínea supracitada referente às horas de estágio em hospitais e centros de saúde. O reitor da Universidade do Minho não concorda com a introdução desse dado no documento, já que é “uma componente ligada ao próprio curso”. “Seria muito mais fácil se se tivesse pedido uma declaração ou um certificado e não um elemento que eu acho que é perturbador”, acrescenta.


Apesar de entender que o procedimento utilizado pela Ordem dos Enfermeiros não foi o mais correcto, o reitor da Universidade do Minho garante que a emissão do suplemento ao diploma "vai acontecer o mais rapidamente possível”, de forma “a ir ao encontro das necessidades dos estudantes”.


“É um problema a que estamos muito atentos e há indicações para que seja rapidamente respondido. E é isso que vai acontecer”, afirma, explicando que a emissão do suplemento ao diploma dos alunos será priorizada em relação à dos restantes cursos.

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