“Narrativas Alternativas”. E se as mulheres fossem as protagonistas do 25 de abril?

O ponto de partida foi uma notícia, datada do dia 26 de abril de 1974, em que vários homens proferiram discursos, na varanda da Câmara Municipal de Braga. Todos eles tinham uma identidade, o mesmo não aconteceu no caso feminino. O “Narrativas Alternativas”, nasce do facto de apenas uma mulher ter tido oportunidade de falar, em representação de todas, mas sem que o seu nome conste de qualquer lista.
A primeira ação do projeto europeu “Resistance”, na cidade dos arcebispos, pretende refletir sobre as mulheres que não foram imortalizadas nos livros de história. Casos, a título de exemplo, como o de Catarina Eufémia, morta a tiro no Alentejo numa carga policial que dispersava um protesto operário. Tornou-se mártir da luta popular contra o regime de Salazar, sendo imortalizada, anos mais tarde, em poemas de Sophia de Mello Breyner e Ary dos Santos e numa canção de José Afonso.
E se o 25 de abril tivesse sido feito por mulheres? Esta é a questão levantada nesta ação que se irá materializar num “percurso performativo”, entre a Estátua do Marechal Gomes da Costa, em frente à Igreja do Pópulo, e que termina na Brasileira, com um quizz.
No programa “Conversas Braga25 na RUM”, o responsável pela Mentoria Artística do projeto, Nuno Preto, fala numa oportunidade única dos jovens, entre os 16 e os 24 anos que integram o projeto, começarem a ter uma maior consciência do corpo, que será a língua universal do espetáculo multissensorial que está a ser preparado e será apresentado em digressão, a partir de 2024, nos países parceiros: Itália, França, República Checa, Eslovénia e Países Baixos.
Nuno Preto revela que o formato que será apresentado pelos 14 participantes, nos diferentes países, tem de “caber numa mala”.
Recorde-se que o “Resistance” migrou do programa da candidatura de Braga a Capital Europeia da Cultura, e pretende refletir sobre as causas e consequências dos regimes autoritários e totalitários que marcam a história europeia moderna.
Em 2024, Braga acolhe o “Resistance” na edição do Festival Política, na Pousada da Juventude. O espetáculo bracarense irá trabalhar o 25 de abril, mais concretamente, o papel da mulher, da cidade dos arcebispos e os fantasmas do Ultramar. A ideia, segundo Joana Meneses Fernandes, que está na coordenação executiva e do Programa da Braga 25, passa por desvendar o papel real da cidade neste processo e não de “romantizar” a sua participação.
O “Narrativas Alternativas” arranca pelas 14h00, deste sábado, na Estátua do Marechal Gomes da Costa, em frente à Igreja do Pópulo.
