“Não se percebe por que razão está o rock calado”

Os The Last Internationale actuam no sábado (21h30) no Theatro Circo. A banda formada pela vocalista Delilah Paz e pelo guitarrista Edgey Pires, acompanhada por Joey Castillo, antigo baterista dos Queens of The Stone Age, chega a Braga para apresentar o seu mais recente disco Soul on Fire (2019).
Após 5 anos de interregno, os nova-iorquinos regressaram às edições, num trabalho produzido pelos próprios. À RUM, Delilah Paz assinala que a banda decidiu desprender-se das amarras da sua anterior editora para criar um disco “mais cru e mais real, sem restrições criativas”. Com orçamento limitado, os The Last Internationale, que já abriram uma tour para Robert Plant e actuaram no David Letterman, editaram um disco que mereceu vários elogios da crítica especializada.
Os hipnóticos riffs de Edgey Pires e a voz singular de Delilah Paz são elementos que contribuem para a resposta positiva de crítica e público, mas é a abordagem a temas políticos e de liberdade pessoal, nas letras, que faz com que os norte-americanos recolham o epíteto de banda de ‘rock rebelde’ a seguir.
“O mundo não mudou muito desde os anos 60 mas, nessa altura, todas as bandas, desde o rock à pop, falavam do que se passava”, assinala Delilah Paz, numa afirmação que Edgey Pires explora, de seguida: “Hoje temos o Trump na Casa Branca… as coisas não podem ficar pior que isto e questiono-me por que razão está o rock calado. Tens de ser completamente irresponsável ou ter zero consciência para não falar e reflectir sobre estes assuntos!”
Soul on Fire foi gravado nos Estúdios Sá da Bandeira, no Porto, e Edgey Pires tem raízes familiares portuguesas. O guitarrista assume que a música e a cultura nacional influenciam o dia-a-dia dos The Last Internationale, dando o exemplo da música de intervenção, particularmente a de Zeca Afonso, como algo que tem vindo “a ouvir muito” nos últimos tempos.
Os The Last Internationale apresentam-se invariavelmente em clubes ou recintos abertos. Em Braga, vão actuar num teatro mas garantem que os espectadores não estarão estáticos.
“Num cenário teatral, mais íntimo, podemos tocar músicas mais emocionais e despidas mas vamos, definitivamente, fazer o público levantar-se dos lugares”, antecipa Delilah.
Os bilhetes para o espectáculo dos The Last Internationale podem ser adquiridos aqui.
