“Não se justifica”. Oposição em Guimarães critica Taxa Turística

A criação da Taxa Turística foi hoje aprovada em reunião de Câmara de Guimarães. A partir de Junho, o turista em Guimarães vai pagar 1,5€ por dormida. A taxa aplica-se a maiores de 21 anos e apenas a duas noites. Será implementada entre Maio e Outubro (este ano, pela medida ter sido votada em Fevereiro, o valor só começa a ser aplicado em Junho).
O ponto da ordem de trabalhos foi aprovado com os votos a favor da maioria formada pelo PS e com os votos contra da coligação Juntos por Guimarães, dos partidos PSD e CDS-PP. O vereador sem pelouro Ricardo Araújo foi a voz da discórdia e considerou que a implementação da taxa “não se justifica”.
“O foco devia estar em aumentar o número de turistas e dormidas e esta taxa faz precisamente o contrário. Não estamos numa fase em que Guimarães está sobrelotada”, atirou, antes de salvaguardar que o efeito “não se vai sentir no imediato”.
“No curto-prazo até acredito que a câmara possa arrecadar uma boa receita mas é preciso olhar para o médio e longo-prazo, e sabemos que no sector turístico a sensibilidade ao preço tem consequências na procura”, disse, acrescentando que o estudo feito pelo IPCA no qual o município se baseou para a criação da taxa “é tecnicamente fraco e politicamente irrelevante”.
“O estudo está cheio de lugares comuns e só considera o ano de 2017. Soma os gastos que o município tem com cada turista, divide-os por dormida, e calcula um valor por unidade, que dá 2,4 euros. A Câmara ligou o achómetro e considerou o valor de 1,5 euros“, comentou.
Valor foi concertado com município de Braga
Na resposta às acusações da oposição, Domingos Bragança, presidente da Câmara de Guimarães, justificou a implementação da taxa turística por considerar que o valor da receita vai servir para “preservar a limpeza das ruas e aumentar a oferta de eventos culturais”, dois aspectos que aumentam a procura à cidade. O autarca assinalou ainda que Guimarães precisa “de aumentar a oferta hoteleira (e revelou que a autarquia já tem 4 pedidos de licenciamento)”, alertando que nos meses de maior afluência os “hotéis ficam sobrelotados”.
O autarca lembrou que o número de visitantes tem aumentado substancialmente nos últimos anos e destacou que há estudos que apontam que a taxa turística “não é impeditiva” para a vinda de turistas. Domingos Bragança sublinhou ainda que a taxa foi concertada, em sede própria, com o seu homólogo bracarense Ricardo Rio.
Em Braga, a taxa turística, já em vigor, tem o mesmo custo de 1,5€ mas Ricardo Araújo comparou os números entre as duas cidades vizinhas.
“A taxa de ocupação em Guimarães, analisando os números de 2017, é inferior em 40% em relação a Braga, e são dois municípios semelhantes do ponto de vista da população e dimensão geográfica. Por isso, não me venham com essa comparação de que só porque se faz em Braga, Guimarães também tem de fazer”, atirou.
