“Não podemos dizer ‘vai ficar tudo bem’ quando não há um prato de comida na mesa”

Em dois meses, mais 2.700 pessoas passaram a ser apoiadas pelo Banco Alimentar Contra a Fome de Braga. Os números, que refletem os efeitos da pandemia, foram divulgados à RUM pela presidente da delegação distrital.
Actualmente, a organização auxilia cerca de 47 mil cidadãos, sendo que, de acordo com Pilar Barbosa, mais de 70% dos novos beneficiários “nunca tinham solicitado apoio”. “Só em 15 dias foram 900 pedidos. Estamos a falar de 1.061 crianças com menos de 10 anos cujos pais ficaram sem qualquer rendimento”, complementa.
Os pedidos de ajuda chegam de vários quadrantes da sociedade. Ainda assim, a responsável local da organização alerta para o facto de haver “um problema muito grave na comunidade estrangeira”, já que, além da falta de liquidez, “muito mais de 50% não tem retaguarda familiar”. “A grande questão aqui é que ninguém se conseguiu preparar para este crise. Foi de um dia para o outro. Não podemos dizer a ninguém ‘vai ficar tudo bem’ quando não há um prato de comida na mesa”, refere.
Com a chegada da pandemia a Portugal, o Banco Alimentar e a Entrajuda criaram a Rede de Emergência Alimentar. Pilar Barbosa explica que, em primeiro lugar, o objectivo passou por realizar “uma auscultação sobre o que estava a faltar em termos de apoio, já que muitas IPSS tiveram de fechar valências”.
A presidente do Banco Alimentar de Braga destaca que muitas crianças e jovens “só tinham uma refeição quente por dia e que era na escola, na creche ou no ATL”. Estando já operacional, a responsável local da organização esclarece que as pessoas necessitadas podem inscrever-se na plataforma, sendo que depois são “encaminhadas para um apoio da área da residência”, onde cada situação é “rapidamente avaliada”.
Além desta rede, o Banco Alimentar está a realizar duas campanhas de angariação de produtos até ao final do mês.
