“Não há condições para que os alunos possam descansar nem estudar nas residências”

«Combatentes: chove no meu quarto», «Um fogão para 500 alunos» ou «Casas de banho sem condições». Estes foram algum dos cartazes erguidos no Largo do Paço, junto à reitoria da Universidade do Minho (UMinho), em Braga, como forma de protesto contra a falta de condições no Ensino Superior. Marcaram presença cerca de 50 estudantes.

Uma das que aderiu à concentração foi Alexandra Velho. No primeiro ano de Ciência Politica, a vianense alerta para “o declínio muito grande” que se verifica nas residências, dando o exemplo de Santa Tecla, em que “maçanetas e torneiras não funcionam” em determinados blocos. “A humidade nos quartos” e “os horários reduzidos das cantinas” são outros dos problemas descritos.

Da Madeira e no curso de Sociologia, Beatriz Nóbrega queixa-se do facto de “não conseguir lavar a roupa em casa”, já que é uma aluna deslocada, “nem na residência”. “Há falta de máquinas e as que existem estão estragadas”, lamenta.

Ainda de mais longe, da Guiné-Bissau, vem Deco Embaló. Sem família em Portugal, o estudante de Direito, que aponta para “colchões degradados”, advoga que o alojamento providenciado pela UMinho “não dá condições para que os estudantes possam descansar nem estudar”. “Cumprimos os nossos deveres, mas o Estado, as residências e a UMinho também têm deveres a cumprir”, frisa, apontando para “a não materialização do conceito de ação social”.


O problema não afeta só os estudantes, de acordo com Beatriz. A jovem insular fala numa situação “horrível”, em que “toda a gente reclama”. Os funcionários têm “excesso de trabalho”, denuncia, visto que há apenas “um trabalhador por bloco”.

AAUMinho não adere ao protesto; Estudantes recebidos na reitoria

Fora desta manifestação esteve a direção da Associação Académica da Universidade do Minho (AAUMinho). Há três semanas, quando foi apresentada uma moção sobre o assunto em Reunião Geral de Alunos, a presidente, Margarida Isaías, votou contra e optou por lançar outro documento do mesmo género, “acrescentando informações e problemáticas”, que, no seu entender, faltavam.

Gonçalo Silva, um dos responsáveis pela concentração, vê com “muita preocupação” o facto de a AAUMinho não se associar. O estudante de Relações Internacionais lamenta a “falta de resposta”, numa altura em que “vários alunos dormem no chão na residência, não têm um chuveiro de água quente de modo a tomar banho ou não conseguem cozinhar lá ou comprar senha da cantina porque os preços subiram”. 


O porta-voz pede ainda celeridade na disponibilização dos prometidos novos espaços de alojamento, nos edifícios da Fábrica Confiança, em Braga, e da escola Santa Luzia, em Guimarães. Alerta que atualmente existem 1.389 camas para 12 mil alunos deslocados na UMinho.

Os representantes do movimento entregaram uma abaixo assinado, subscrito por cerca de 1.400 estudantes, ao reitor, Rui Vieira de Castro, tendo estado também com a administradora dos Serviços de Ação Social da Universidade do Minho, Alexandra Seixas. 


Em comunicado, o responsável máximo pela academia minhota garante que a instituição se tem “esforçado com vista à melhoria das condições de vida e de trabalho dos estudantes” e mostra-se “disponível para continuar a ouvir os alunos”, recordando as “interações continuadas” com a AAUMinho e as Comissões de Residentes das Residências Universitárias. O reitor espera que os novos espaços de alojamento fiquem operacionais no ano letivo 2024/2025.



[Atualizado às 18h30 com a resposta do reitor Rui Vieira de Castro]


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Tiago Barquinha
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