“Nada justifica a atitude da AMP em terminar com a ligação Braga-Porto”

O presidente da CIM Cávado diz que “nada justifica a atitude da Área Metropolitana do Porto (AMP)”, em terminar com a ligação de autocarro Braga-Porto pela A3.

Para Ricardo Rio, “não há nenhuma outra entidade que possa dar continuidade ao serviço nos modos em que ele vinha a ser gerido”, que não a própria AMP. “Esta não é uma questão de natureza política, institucional ou pessoal, é uma questão de natureza contratual e legal”, acrescentou.

O também autarca de Braga reagiu assim às críticas que o presidente da Área Metropolitana do Porto endereçou à Comunidade Intermunicipal do Cávado (CIM Cávado), numa entrevista ao Porto canal, onde disse ser “insuportável manter uma linha a Braga, que beneficia prioritariamente Braga, do ponto de vista do modelo concurso e do ponto de vista financeiro”, garantindo ser a AMP quem está “a pagar” esta linha.

Para Eduardo Vítor Rodrigues, “a CIM do Cávado tinha tido tempo, desde 2019, para assumir para si própria a linha Braga-Porto”. “Se isto é tão importante para a Braga, a CIM do Cávado assumia a linha e a Área Metropolitana, não só não se importava, como nem a tinha como sua responsabilidade”, acrescentou.

Para o líder da CIM Cávado, há três alternativas: “dar continuidade à autorização temporária que vinha existindo para que o serviço funcionasse; a AMP fazer um ajuste direto por critérios materiais, como inclusivamente a própria CIM teve que fazer em relação a algumas das linhas que estavam sobre sua gestão e que não foram englobadas no caderno de encargos da concessão; ou ajustar dentro da margem de flexibilidade que o contrato permite o âmbito desse mesmo contrato”.

“Se a questão é financeira, acho que é de um miserabilismo atroz”, lamentou Ricardo Rio, garantindo que “a própria CIM está disponível para pagar à Área Metropolitana do Porto para dar continuidade a este serviço”.

Já o presidente da AMP considerou a situação “lastimável” e confirmou que “em nenhum lugar” do acordo se inclui a “linha Braga-Porto” pela A3, aconselhando a CIM a avançar com um ajuste direto “para salvaguardar a sua população”.

Uma informação que, para o autarca de Braga, “estranhamente não consta no acordo entre a área metropolitana e a CIM de Cávado, mas consta no acordo entre a área metropolitana e a CIM do Ave”, contrapõe Rio, reafirmando que “quem geria essa mesma linha era a área metropolitana do Porto”.

Eduardo Vítor Rodrigues considera “vergonhoso” o comunicado da Cávado Mobilidade, uma entidade “que diz não saber o que é”, e assegura que a decisão “não tem nada haver com relações institucionais porque até ao dia de hoje não teve qualquer contacto de Ricardo Rio, porque se tivesse a situação era resolvida em dois minutos”.

Por sua vez, Ricardo Rio desmente e garante que enviou “uma carta pessoal diretamente ao Conselho Metropolitano e ao presidente a solicitar que este serviço fosse mantido, atendendo a toda a envolvente social que o mesmo representa”. “Acabei por ter uma resposta também da Área Metropolitana a dizer que não pretendia dar continuidade a esse mesmo serviço”.

Decisão está a ter impacto para doentes. CIM Cávado já procura alternativas

O presidente da CIM Cávado lamentou o impacto que esta decisão está a ter, sobretudo, para muitos doentes que usam este transporte para chegarem ao IPO Porto. “Hoje mesmo houve uma reunião com os representantes da Comissão de Utentes e foi-lhes solicitado que fizessem um levantamento tão rigoroso quanto possível do número de utentes que poderão vir a necessitar desse serviço para esse efeito único e exclusivamente”. A CIM “está disponível para, se necessário, criar uma resposta não comercial”, mas “não pode criar nenhuma resposta alternativa, concorrencial, com aquilo que é a responsabilidade da AMP”.

“Estamos a estimular os utentes para que reivindiquem os seus interesses junto à Área Metropolitana do Porto. Há muitos utentes que vão trabalhar para o Porto e, obviamente, vão beneficiar do próprio desenvolvimento desse mesmo território. Portanto, também não me parece que seja possível admitir que o Porto não tenha interesse na garantia de continuidade deste mesmo serviço”, criticou ainda.

De acordo com Ricardo Rio, a CIM Cávado já apresentou uma sugestão aos utentes deste serviço, que passa por “solicitar à Transdev que utilizasse esta linha numa lógica comercial de cariz privado, criando um expresso para cobrir esta mesma resposta”. “É óbvio que isso resolvia a questão logística, mas não resolve a questão financeira, porque obviamente um serviço dessa natureza não seria desenvolvido exatamente nas mesmas condições económicas que vinha acontecendo até aqui”, finalizou.

Eduardo Vítor Rodrigues diz que “os utentes estão a ser manipulados”.

De acordo com a CIM Cávado são vendidos, anualmente, 1500 passes e 18.000 bilhetes de bordo para a ligação Braga- Porto, pela A3.

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Liliana Oliveira
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