Mutações no vírus da Covid-19 podem afectar diagnóstico, diz estudo da UMinho

Uma equipa de investigadores da Escola de Medicina e do Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde (ICVS) da Universidade do Minho publicou um estudo no qual é dito que a evolução do vírus da COVID-19 pode afetar o diagnóstico da doença, feito actualmente através do PCR. O estudo analisou mais de 1800 genomas sequenciados de SARS-CoV-2 e descobriu que existe a possibilidade de ineficácia no diagnóstico do novo coronavírus de até 14% das mutações do vírus em circulação.

“Isolamos e sequenciamos os genomas de diferentes países e encontrámos um grupo de mutações que estão em locais que podem interferir com o método de diagnóstico de PCR, o método mais utilizado em todo mundo”, diz à RUM Nuno Osório, co-autor do estudo com Margarida Correia-Neves.

O investigador reconhece que o resultado do seu estudo pode implicar que alguns dos testes de diagnóstico à Covid-19 em reserva se tornem obsoletos mas garante que é possível aos laboratórios “adaptarem o método, de forma a não falharem” os diagnósticos. “Os métodos não vão deixar de ser eficazes porque vai havendo uma adaptação”, refere, alertando, ainda assim, que o seu estudo demonstra que “é preciso continuar com o esforço de sequenciar o genoma dos vírus que existem para, em tempo real, acompanhar de que forma estão a evoluir e mudar as sondas de sítios onde não estejam a haver alterações”.

Nuno Osório revela também que “há grupos de mutações que estão a aparecer de forma independente, em vírus que não foram transmitidos em cadeias de transmissão” referindo que as variantes podem tornar o SARS-Cov-2 mais transmissível e mais resistente ao sistema imunitário. “Ainda é cedo para entender se existem essas consequências mas há, de facto, locais onde existe um padrão típico de selecção”, explica.