“Morreu um dos homens daquilo que foi e é olhar para Portugal”

“Uma figura de Portugal que não pode ser esquecida. Um dos homens daquilo que foi e é olhar para Portugal”. É assim que António Ferreira resume o desaparecimento do ensaísta Eduardo Lourenço, as 97 anos.
Era conselheiro de Estado, professor, filósofo, escritor, crítico literário, ensaísta e interventor cívico e foi várias vezes galardoado e distinguido.
O autor do programa Livros com RUM – que lamenta que Eduardo Lourenço não conste no histórico dos seus entrevistados no programa radiofónico dedicado à literatura, – afirma que “morreu um dos homens daquilo que é e que foi olhar para Portugal com objectividade, com carinho, mas também com muito rigor para Portugal”.
“Não convirá nunca esquecer a figura do Professor Eduardo Lourenço”, avisa.
António Ferreira destaca a primeira referência de Eduardo Lourenço, ‘Heterodoxia’ “um dos livros mais importantes da sua obra de ensaísta. Uma espécie de diário de bordo que irá marcar toda a sua actividade de pensador ensaísta”.
O comentador literário da Universitária aponta alguns dos livros de leitura obrigatória. “Para pensar um pouco do que é Portugal, ou o que nós somos como portugueses, como país, como nação. Falo dos seus ensaios fundamentais do seu pensamento, o Labirinto da Saudade, a psicanálise mítica do destino português”, refere.
Como leitor e apreciador, António Ferreira destaca a obra ‘Tempo e Poesia’. “Tentou ver o que era o futuro ou as perspectivas, a renovação da literatura portuguesa”, explica.
Eduardo Lourenço morreu esta terça-feira em Lisboa, aos 97 anos. Foi um dos pensadores mais proeminentes e um dos vultos da cultura portuguesa nas últimas décadas. Nasceu a 23 de maio de 1923 em Almeida, na Beira Alta. O Governo decretou entretanto Dia de Luto Nacional, esta quarta-feira.
