Moradores da urbanização da Makro contestam “caos” que Zona 30 vai criar

A obra que a autarquia está a levar a cabo na urbanização da Makro, com o intuito de implementar no local uma ‘Zona 30’, está a gerar contestação entre os habitantes. Os moradores queixam-se da redução de estacionamento na zona habitacional e de ruas estreitas e de sentido único apenas com uma via de circulação.

As denúncias têm sido constantes e os habitantes do bairro até criaram um grupo nas redes sociais, que conta actualmente com mais de 100 membros. À RUM, Elisabete Lisboa, moradora e administradora do grupo, explicou que as preocupações se centram, sobretudo, com a “retirada de estacionamento” numa zona “com muitos moradores”. “Só em duas ruas vão ser retirados 60 lugares”, apontou. Na Rua Artur Bivar, por exemplo, existe um separador que permite estacionamento dos dois lados, mas, com a obra, apenas será possível estacionar de um dos lados. Com a redução dos lugares de estacionamento, os moradores têm parado as viaturas “em 2.ª fila, apesar da estrada estreita, e em cima dos passeios, levando multas constantemente”. Os habitantes reclamam ainda a “perda substancial de zona verde, na praceta Pedro da Rocha”.

As preocupações prendem-se também com as vias que passarão a ser de sentido único, “apenas com uma entrada e uma saída, mais estreitas e só com uma faixa de rodagem”. “Às 8h30 já há fila para entrar na via principal e se todos os moradores vão pela mesma saída vai ser o caos”, frisou Elisabete Lisboa.

A moradora questiona ainda como farão os automobilistas que, apenas com uma via, se deparem com um obstáculo como “uma âmbulância, um carro do lixo ou uma carrinha de mudanças? Vai ficar tudo em fila parado? Vamos ficar todos encurralados?”, atira. 

“O meu chassi bate em baixo e há moradores que se queixam que já rebentaram pneus”

Além disso, aponta ainda a habitante do bairro, “as garagens estão com um declive enorme”. “O meu chassi bate em baixo e há moradores que se queixam que já rebentaram pneus, porque as garagens têm lancis nas pontas que não estão bem rematados”, acrescentou.

Elisabete Lisboa adianta algumas das soluções reivindicadas pelos moradores:“marcar os estacionamento e as vias principais, que eram largas”. “Sentido único? Até não nos importávamos, desde que tivesse duas vias para o trânsito fluir. Tem possibilidade de ter duas ou três entradas e o sentido único até se pode justificar à volta da urbanização, desde que permita que entremos e saiamos por mais do que um lugar”.

A obra ainda não está terminada, mas a moradora dá conta de alguns problemas que já têm surgido. Segundo Elisabete Lisboa, “os passeios estão com tonalidades diferentes e , passados dois meses, já estão a levantar”. “A obra não tem brio nenhum, as coisas estão a ser feitas à pressa, provavelmente, para cumprir prazos”, apontou.

A insatisfação já terá sido comunicada à autarquia pelos moradores. Elisabete Lisboa garante que não obteve resposta da Câmara Municipal. Segundo a moradora, “os responsáveis pela obra dizem que têm que cumprir o projecto”. A RUM tem tentado contactar o vereador responsável para mais esclarecimentos, mas até ao momento sem sucesso.

Os moradores da urbanização da Makro não estão satisfeitos com a obra levada a cabo pela Câmara Municipal naquele local. O objectivo da autarquia é implementar quatro zonas 30. Além da ‘zona da Makro’, estão a ser implementadas estas zonas na Torre Europa, Quinta da Fonte e Montélios. Recorde-se que o objectivo do município passa por reduzir a velocidade de circulação a 30 Km/hora nestes quarteirões, implementar percursos pedonais acessíveis e confortáveis, focando a circulação por parte de pessoas com mobilidade reduzida e medidas de acalmia de tráfego. O valor total de adjudicação das empreitadas foi superior a dois milhões de euros, financiados pelo programa operacional do Norte2020 no âmbito do contratualizado no PEDU.