Modelo de gestão do Hospital de Braga divide opiniões entre forças políticas

Manter o Hospital de Braga no Serviço Nacional de Saúde (SNS) ou voltar ao modelo de Parceria Público-Privada (PPP). Essas possibilidades foram discutidas num debate organizado pela HajaSaúde!, secção autónoma do Núcleo de Estudantes de Medicina da Universidade do Minho, realizado, esta segunda-feira, no auditório 1 da Escola de Medicina, que encheu.


O Partido Socialista esteve representado pelo número três da lista pelo círculo eleitoral de Braga. Pedro Sousa lembra que, na altura da PPP, que vigorou entre 2009 e 2019, “vários dos medicamentos mais caros estavam fora do contexto que o privado admitia prestar na relação com o Estado”. Mostrando-se defensor do serviço público, admite que existem “problemas a resolver”, nomeadamente na retenção dos profissionais, e, por isso, quer torná-lo “mais flexível e autónomo”.

Ao serviço da Aliança Democrática apresentou-se o número 14 da candidatura pelo distrito do Porto. Francisco Sousa Vieira recorda que o Tribunal de Contas e a Entidade Reguladora da Saúde classificaram o hospital bracarense como “o melhor em várias áreas clínicas”, com padrões de “excelência total” quando era gerido pelo grupo José de Mello Saúde. Além disso, lamenta que o Governo socialista tenha “acabado” com o Sistema Nacional de Avaliação em Saúde, que “colocava sempre o Hospital de Braga à frente” nos rankings.

Já o cabeça de lista do Chega por Braga considera que, nesse período, a instituição hospitalar demonstrava “mais eficácia”, tinha “mais utentes satisfeitos” e apresentava “menos custos”. “Esta carga ideológica que a esquerda quer trazer para a saúde é a prova evidente do fracasso”, assinala.

Do lado da Iniciativa Liberal, a número dois da lista pelo distrito não recusa, à partida, a continuidade do hospital na esfera pública, desde que “devidamente avaliada”. Ainda assim, Olga Baptista é da opinião que a experiência de dez anos da PPP mostrou que “o custo-benefício foi positivo”, tendo sido garantida “a qualidade dos cuidados médicos”, numa alusão a um relatório do Tribunal de Contas.

PAN e partidos à esquerda favoráveis à manutenção do modelo em vigor


Rafael Pinto tem uma visão diferente sobre o assunto. No entender do cabeça de lista do PAN pelo distrito, “a poupança de 40 milhões de euros por ano que o Estado teve com a PPP não justifica dar piores condições a estudantes, funcionários e a jovens que trabalham no hospital”. “Agora os profissionais ganham mais e trabalham menos horas – pelo menos os de enfermagem – e é essencial olhar para isso”, frisa.


Por parte do Bloco de Esquerda, a análise é feita com base na auscultação que foi feita aos profissionais e ao conselho de administração do Hospital de Braga. O cabeça de lista pelo distrito, Bruno Maia, enumera três pontos: “os trabalhadores disseram claramente que não querem a PPP de volta”; “há um aumento de produção desde o fim do contrato da PPP” e “os níveis de satisfação dos utentes foram de 8,5 em 10 no ano de 2023”.

A CDU defende também a gestão pública do Hospital de Braga e a necessidade de reforçar o investimento no SNS. Nesse sentido, António Joaquim lamenta que a construção de uma nova ala cirúrgica, medida aprovada por unanimidade na Câmara e na Assembleia Municipal, tenha sido rejeitada na Assembleia da República. O membro da direção nacional da Juventude Comunista Portuguesa acusa PS, PSD, Chega e Iniciativa Liberal de “se terem “esquecido em Lisboa daquilo que prometeram em Braga”.

Augusto Ramoa, mandatário da candidatura do Livre pelo distrito e número sete da lista, recusa o regresso à PPP, lembrando “engenharias financeiras” que foram feitas. “Em diagnóstico e terapêutica era cobrado um internamento ao Estado quando só se fazia um TAC”, exemplifica.

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Tiago Barquinha
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