Ministro defende “sistemas de incentivos para apoiar a comunicação social”

O reitor da Universidade do Minho está preocupado com o impacto que a “crise do jornalismo tem na debilitação da democracia”. Perspetivando um cenário “cinzento” nesta área, Rui Vieira de Castro esteve na abertura da 13.ª edição do Congresso da Sopcom – Associação Portuguesa de Ciências da Comunicação -, que se realiza até sexta-feira, na Universidade do Minho.
“Não temos qualquer dúvida sobre a centralidade, a natureza fundamental das relações entre democracia e comunicação social. Uma comunicação social livre é um pilar fundamental das democracias”, apontou o reitor.
Rui Vieira de Castro evidenciou ainda os “sinais de radicalismo e de polarização das sociedades que permitem antecipar futuros que não são radiosos, nem felizes”. “As instâncias de mediação e a comunicação social têm aqui o papel fundamental. No espaço público, aquilo que se valoriza é basicamente espuma, o efémero, o escandaloso e um estilo persecutório”, afirmou. Rui Vieira de Castro apelou a uma “reflexão sobre o atual estado das coisas”.
O ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, não esteve presente no congresso, mas deixou uma mensagem, onde referia que se vive “um tempo crucial para aquilo que será o futuro da comunicação social”. “O contexto alterou-se, diria, radicalmente nos últimos tempos, com uma aceleração das transformações e a primeira coisa que é necessária perante um contexto de enorme incerteza é ter uma consciência do que é que compete a cada entidade”, começou por evidenciar. Para o ministro, “nas democracias liberais, as entidades reguladoras têm posições importantes, temos parlamentos que devem legislar, regular e definir”. Os governos, defendeu Pedro Adão e Silva, “devem ter sistemas de incentivos para apoiar a comunicação social”, realçando ainda “o papel da reflexão fundamentada sobre aquilo que podem ser os caminhos para o fazer”. O responsável pela pasta que tutela a comunicação social incentiva a uma “reflexão sobre o papel dos jornalistas e da oferta (da comunicação social)”. Para o ministro, “a oferta da comunicação social” deve ser “trabalhada, lenta e com um ritmo distinto daquele que temos hoje”.
Também Madalena Oliveira, presidente da Sopcom, falou da “dramática situação do jornalismo e dos jornalistas” em Portugal. “Movidos por uma paixão mal-agradecida, os jornalistas são uma espécie de ativistas de uma cultura de verdade e de liberdade”, finalizou.
