“[Migrantes] Estão a chegar de tal forma que não conseguimos preparar-nos”

A presidente da Cáritas Portuguesa, Rita Valadas, alerta o próximo governo para a necessidade de reforço de apoios para o acolhimento de migrantes no nosso país, seja a nível monetário, como estratégico. A propósito dos 75 anos da Cáritas Arquidiocesana de Braga, onde se constatou que a chegada em grande número de migrantes de diferentes culturas é um dos desafios atuais destas instituições, Rita Valadas alertou para a importância de um procedimento nacional que assegure uma vida digna a estes cidadãos. Segundo aquela responsável, os estrangeiros que estão a chegar apresentam-se “muito vulneráveis” e com problemas a diversos níveis, nomeadamente a língua. 

“Estão a chegar de tal forma que nem conseguimos preparar-nos, nem sabemos o que é o futuro. As pessoas estão a ficar em situações que não são dignas para nós. Precisamos de agir todos em uníssono para conseguir encontrar soluções mínimas adequadas para estas pessoas”, aconselha. “Não queremos nada que esta realidade se assemelhe de alguma forma à realidade dos sem-abrigo, que neste momento é o que acontece”, continua.

Rita Valadas constata que os migrantes que chegam não falam a língua, não conhecem Portugal, não têm os mesmos hábitos alimentares. “Têm uma série de detalhes socioculturais que nos afastam, e isso não faz sentido, porque precisamos de estar próximos para agir”, esclarece.


Também o presidente da Cáritas de Braga tem alertado para dificuldades no que respeita a habitação condigna a preços acessíveis, seja na cidade de Braga como nos concelhos à volta, notando ainda um aproveitamento de alguns proprietários que disponibilizam espaços sem condições mínimas. Segundo João Nogueira, a empregabilidade de muitos destes cidadãos tem sido possível com a abertura das empresas à contratação.

“Precisamos de recursos e precisamos de assumir linhas de ação e saber o que é que podemos fazer e que respostas temos para dar quando uma pessoa destas chega a Portugal”


Ainda de acordo com Rita Valadas, a chegada de migrantes “está a chegar a todo o lado”, quando anteriormente chegavam apenas às grandes cidades. A rede Cáritas está a recolher informação para “alertar os decisores”.

“Nós fomos todos surpreendidos. A Cáritas está habituada a dar a volta, mas neste momento não há recursos para respostas adequadas. O setor do estado que toma conta disto também está em reorganização. Temos que abrir os olhos, estas pessoas não podem ficar na indignidade do nosso olhar. Estamos constantemente a viver em situação de emergência sem conseguir dar o próximo passo para a inclusão, que é aquilo que nós queremos fazer”, sublinha. 

Cáritas apela à aproximação dos jovens

Notando que a chegada de migrantes oriundos de diferentes culturas é um grande desafio para o qual o país não estava preparado, a presidente da Cáritas Portuguesa apela à aproximação dos jovens, notando que as camadas mais jovens “têm uma visão mais limpa, mais enérgica e mais despojada de preconceitos”, que podem trazer ainda novas ideias e abordagens de atuação.

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Elsa Moura
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