Menos contratações e contratos a prazo contribuem para aumento do desemprego jovem

A taxa de desemprego jovem nacional subiu de 18,7%, em 2019, para 22,5% em 2020, segundo dados publicados pelo Eurostat, num número correspondente a 70 mil desempregados com menos de 25 anos.
O relatório do gabinete de estatística europeu revela desse modo que os jovens correspondem a um quarto dos desempregados do país no ano passado, indicador que não surpreende o economista e professor na Universidade do Minho João Cerejeira.
“Em qualquer momento de crise, quem tende a ser afetado são aqueles que estão a entrar no mercado de trabalho”, analisa, apontando as razões para os jovens terem sido os mais prejudicados pela pandemia.
“O efeito nem é tanto pelos despedimentos mas mais pelas contratações e os jovens são quem mais procuram emprego. Também 60 a 70% dos jovens têm contratos a prazo e não houve renovação depois dos contratos terminarem”, explica.
João Cerejeira lembra também que as medidas de contenção para travar os contágios de Covid-19 obrigaram ao encerramento provisório de vários estabelecimentos do comércio e retalho e relacionados com a atividade turística, setores nos quais os jovens mais procuram emprego. “Não foi só a crise, as próprias medidas de confinamento acabaram por ter um efeito direto no desemprego jovem”, diz.
Atendendo à recuperação lenta da restauração e do turismo, João Cerejeira entende que, mais do que medidas laborais de proteção do Estado, que só têm efeito “no curto prazo”, é preciso criar “políticas ativas de emprego” para a “reconversão de trabalhadores dos setores do turismo e da restauração para outras áreas”.
O economista refere que a procura nos setores “da saúde e das tecnologias de informação” existe “de forma intensa para os jovens qualificados”.
